terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eterna criança.


Num dia azul de verão ela sente o vento
Há folhas em seu coração
É o tempo
Ela recorda do passado se olhando
No espelho
Ela descobre aos poucos
Os sentimentos
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Ela ri, ela chora, ela sente que não poderá esquecer
Ela pede uma taça de vinho
Ela lê nas horas vagas um bom livro
E se cobre de água e espuma num banho sem ninguém
Ela prende seus cabelos longos
Intimida quem quer que seja que aparecer
Ela não quer se sentir presa
Ela só quer ser amada por alguém
Ela se troca se perfuma se embola
E segue sem rumo por uma estrada só pra ver
O que o dia lhe oferece sem os planos
A surpresa que vem dentro e a gente não vê
No fundo ela está sempre sozinha
Procurando o que ainda quer ter
Ser amante, quem sabe ser amiga
Ser companheira pra loucuras dessa vida
Poder sobreviver
E o tempo se vai com inveja tentando aprender
Como ela segue sua vida
Esperançosa aprendendo a viver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Ela ri, ela chora, ela sente
Que alguém que a some
Irá com toda certeza
Aparecer...

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cotidiano.

Às vezes o que me falta é um pouco de tempo. É como se a distração pudesse fugir. Minha respiração é sempre ofegante. E os meus pensamentos são mais rápidos que o pulsar do meu coração. Sempre a postos para não parar. Ainda mais com uma outra vida de pernas e braços caminhando por aí querendo ganhar o mundo. Meus olhos não se aquietam. Olham fixamente para detalhes, cores e traços que devem sempre seguir um padrão de beleza. Mas, uma beleza simples. Aquela! Da natureza... Minhas mãos não ficam mudas. Sempre querendo falar mais do que se pode. Converso com elas. Tenho agilidade com elas. Meu olhar é o silêncio. Fala apenas quando necessário. Quando se desliga do seu trabalho e aposta nos momentos sutis da liberdade. Meus dias são contados no relógio como 24hs, mas sempre que posso o transformo em 30. Nem que seja no silêncio da madruga. A vida sempre exige de mim, paciência. E sempre me diz “Não me controle”. O que ela quer de mim, é que eu seja sempre corajosa. E eu faço de conta que sou. E faço tão bem, que ela até acredita.

Juliana Sabbatini

sábado, 13 de novembro de 2010

"To" querendo.

Música suave de tom grave entrando pela sala
Cabides nus e roupas nas malas
O que os olhos teimam
Mas os lábios rejeitam
O que o corpo pede
E a alma suspeita
To querendo romance a céu aberto
Passarinhos envoltos
E pés sem destino certo
To querendo sorriso a estampar o meu rosto
Pele com arrepio a enfeitar o meu corpo
To querendo calor nesse frio
Acalmar e aquietar o que o coração sentiu
To querendo estrada aberta pra passar
Chegar em algum canto
Em algum lugar
To querendo olhos de quem sabe ler lá dentro
To querendo palavras de quem sabe recebê-las pelo vento
To querendo o que não se fala
Mas o que se toca
To querendo o que não se define
Nem se quer ao som de uma boca
To querendo o que vem de dentro
To querendo o que não tenho
To querendo um pouco mais de cor
To querendo um arco-íris
A iluminar e me entregar um grande amor

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sertão.

Acordei assim meio devagar
Sem nenhuma pressa
Porque já corri demais

Quis aproveitar meu dia
Sem nenhuma fobia
Sem olhar pra trás

Vi o sol aos poucos despertando
Com ele, os passarinhos ouvi cantando
Então quis mais e mais

Saí longe pelas “estrada”
Caminhando sozinha sem pensar em nada
Fui apenas ouvindo a água do ribeirão

O vento aqui é como uma brisa
Como toque suave
Toque que consegue chegar ao coração

São essas coisas que envolvem minha vida
Envolvem o meu dia
Aqui bem longe no sertão

As pessoas são tão humildes
O menino da porteira
O cachorrinho do senhor Julião

A comida é comida caipira
Arroz, carne, frango e muito, muito feijão

De tardezinha corro pra cazinha
Não faço cerimônia
Vou cantar na roda dos "peão"

Quero sentir de perto
Sem destino certo, esse aconchego
Que me vem do sertão

E quando chega a noitinha
Volto pra minha casinha
Pedindo a Deus paz, saúde e proteção.

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Homem interessante.



Um homem para ser interessante não precisa cuidar apenas de sua aparência física. É preciso cuidar da sua alma. Muita concentração e muito siso. Muita seriedade e pouco riso. Ter o mistério de pertencer e ser de uma só mulher. Ser cavalheiro. Ser de sua mulher por inteiro. Fazer-se amar e ser amado sem rodeios.
Um homem para ser interessante não basta apenas querer impressionar num só momento. Mas, ter a capacidade de se inventar o tempo inteiro na vista da sua amada. Saber de seu corpo como selo, como belo, como mapa. Intensificar-se nas palavras. Aprofundar-se na inteligência. Ser amigo. Ser afrodisíaco.
Um homem para ser interessante não pode sempre levar tudo a sério. Há que ter dentro de si e no corpo inteiro a marca de um menino. Olhos de homem e sorriso tímido. Mãos trapaceiras e coração com sentimentos.
Um homem para ser interessante e direito não basta ser um bom sujeito. Ele deve ter peito. Peito de remador. Deve ter sempre em vista, uma mulher como uma conquista. Conquista de pele, alma e amor. Ter créditos com o florista. E, sempre conseguir estancar um choro de dor.
Um homem para ser interessante por inteiro, não basta apenas ser companheiro. Precisa ser amante, ser amigo. Não mais do que alguns dias, saber fazer depois do amor comidinhas e coisinhass para agradar o seu amor.
Um homem para ser interessante, também é preciso ser gente. Ser humano. Chorar e mostrar seus sentimentos sem vergonha alguma do que o outro vai pensar. Deve ser um bom guerreiro e saber a hora certa de lutar.
Um homem para ser interessante, não basta apenas defender sua mulher com todo o seu corpo físico. Mas, estar ao lado dela, com palavras, mimos e sorrisos. Saber falar e saber ouvir. Saber estar e saber partir. Dar ombro, alma e coração. Estar presente mesmo longe dentro do coração.
Um homem para ser interessante há de ser o conjunto que compõe caráter, respeito e fidelidade. Mostrando-se presente em qualquer tempo. Em qualquer idade.
Um homem para ser interessante é saber ser doce e conciliador sem covardia. Saber ganhar dinheiro com poesia. Não ser apenas um conquistador. Porque isso não adiantaria nada se o homem não tiver ao seu lado sua grande amada, para viver em longa estrada junto de um grande amor.

domingo, 31 de outubro de 2010

Amizade.

Uma das coisas que mais me dá prazer nessa vida, além de poder fotografar, pintar, dançar, é poder escrever. Poder sempre passar às pessoas aquilo que sinto no mais íntimo do meu ser, através da tão indiscutível forma de fazer arte.
Talvez seja por isso que dou tanto valor e tenha me apegado à pinturas, teatros, letras de músicas e especialmente poesias, crônicas, contos...
Acredito que quando escrevemos aquilo que sentimos, estamos falando de certa forma, com o coração, com a nossa alma. Palavras, sentimentos e frases que não conseguiríamos de forma alguma expressar com nossos tão limitados lábios. Por isso, o título do meu blog: “O que os lábios não expressam, a escrita decifra”.
Levo a escrita a sério. Por isso, não se espante se um dia eu comentar como aquela poesia me emocionou. Como aquele texto é forte e me põe pra cima. Como são lindas essas palavras. Como mexe comigo esse trecho, e por aí vai. Logo penso no que o escritor quis passar. Penso e imagino toda a sua sensibilidade que veio lá de dentro e que certamente com sua voz não seria capaz de expressar. Choro, fico brava, fico feliz, fico tensa, fico impressionada sempre quando leio algo que sinto que é verdadeiro e que especialmente me toca.
Precisei dizer aqui o quão a escrita me faz bem e como eu a vejo, para que vocês possam entender o tremendo valor que dou quando recebo um presente como esse que recebi e que logo mais abaixo deixo para que vocês possam desfrutar também.
Pra mim, além de escrever, não há presente maior do que receber um belo texto. Uma linda poesia. Palavras de consolo. De amizade. De amor e carinho. E não justifico pelo número de estrofes, número de rimas e todas regras gramaticais. Isso sinceramente passa desapercebido sob meus olhos, porque como eu disse, imagino o que o escritor (a) quis passar, da sua alma, do seu coração. E foi assim que esse presente me fez debulhar em lágrimas, dias antes de fazer uma viagem.
Mais uma vez, quero falar e agora deixar registrado aqui, nesse meu cantinho, que particularmente, é o que mais me revela no mundo virtual – Mazita! (Mariana Marques) minha amiga/irmã, o quanto você é importante pra mim. Sete anos de amizade, de cumplicidade, carinho, respeito uma com a outra principalmente, confiança, risos, choros, desabafos, momentos bons e ruins... Tanto tanto tempo juntas compartilhando cada pedacinho das nossas vidas. Obrigada por ser quem você é pra mim. Obrigada por todo o seu carinho e companheirismo durante todos esses anos e por todos que, se Deus quiser, ainda hão de vir. Obrigada por estar aqui. Um beijo enorme! Amo você!

Amiga” de Mariana Marques para Juliana Sabbatini

Amiga q me entende;
Que me atura;
Que me aconselha;
Amiga que eu aconselho;
Que eu entendo;
Que eu aturo com a maior alegria;

Amiga-irmã;
Que eu me preocupo;
Que eu cuido;
Que eu dou bronca;

Amiga q se preocupa comigo;
Que me cuida;
Que me dá bronca tb;

Amiga que eu admiro;
Que me inspiro;
Que me espelho;

Amiga que me observa;
Que aprende com meus erros;
E tb com os meus acertos;

Amiga que me ensina;
Que me mostra outros caminhos;
Outras possibilidades;
Outra visão de mundo;

Amiga que eu conto minhas vivências;
Meus tropeços e medos;
Minhas dúvidas e vitórias;
Meus planos e projetos;

Amiga que eu não consigo esconder nada;
Que eu não consigo ficar brava;
Que eu não consigo ficar mto tempo longe;

Amiga que me anima;
Que me incentiva;
Que me faz rir;
Que fala abobrinhas;

Amiga que não "está" somente agora;
Está comigo sempre;

Amiga que me dá atenção;
Que dá importância aos meus problemas como se fossem seus;
Que me dá a mão e não me deixa sozinha em um momento de fraqueza;

Amiga que com sono fala coisas sem nexo e ri à toa;
Que se inspira com chuvas e tempestades;
Que adora purê de batatas;

Amiga-ombro;
Ombro que me serve de apoio p chorar qnd a angústia se torna impossível de segurar;
Que não impede que minhas lágrimas caiam, mas impede que eu caia.

Amiga que me ouve;
Sempre os mesmos assuntos, os mesmos problemas ou os mesmos motivos de riso;
Mas sempre tem algo bom a me dizer a respeito de todos essas coisas;

Amiga tão igual;
Pensa como eu;
Vive como eu;
Tem os mesmos gostos e opiniões;
Mesmas dúvidas e receios;

Amiga tão diferente;
Pensamentos divergentes;
Modo de viver e agir diferentes;
Gostos e opiniões que não batem;
Dúvidas e receios próprios;

Amiga essencial;
Minha força;
Minha guia;
Meu diário;
Meu tesouro;

Amiga de alma;
Que eu entendo só de olhar;
Que eu sei como se sente pelo tom de voz;
Ou pelo modo de escrever um simples "oi";
E que me conhece da mesma maneira;

Amiga que me fala de Deus e não de religião;
Que me ensina a ter fé e a acreditar que Ele sabe o que é melhor p mim;

Amiga artista;
Que pinta,
Que escreve;
Que fotografa;
Que cria... e encanta!

Amiga companheira;
Me acompanha nos melhores programas;
E tb nos "programas de índio";

Amiga que eu tive a sorte de conhecer;
Ou que eu precisava conhecer para ser alguém melhor;

Amiga que eu tenho um carinho e respeito imenso;
Que eu quero que seja mto feliz sempre;
Que vai ter q me aguentar pro resto da vida!

Amiga que eu AMO... da forma mais sincera e verdadeira que possa existir.
Amiga que eu só tenho a agradecer;

Obrigada por existir e fazer parte da minha vida. Vc faz parte da minha história, do meu coração... e é p sempre!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lapso.

Ela olhou pro lado e pensou ter ouvido o trinco da porta se abrir, o barulho da chave ou coisa assim. Sentiu perfume. Ouviu o toque do celular. Barulho na cozinha. Lembranças sem fim.
Ela ainda se vestia como ele gostava. Á vontade. Vestido. Roupas leves. Simples. Ficava bem assim. Unhas claras e um olhar voluptuoso a chamar.
Pés no chão e banho tomado, andava de um lado pro outro como quem se incomoda com o silêncio. Ela sempre gostou de ficar a sós. A sós com ela mesma. Mas hoje não. Hoje era um dia especial. Era algo que ela queria tirar de dentro de si. Queria se livrar daquele silêncio que era como que um barulho insuportável de aguentar.

Ainda se lembrara do primeiro encontro. Do primeiro olhar. Das poucas palavras trocadas. Mãos geladas. Pernas trêmulas em saber o que ia ser.

Se lembrava de cada detalhe. Do sorriso tímido que ele tinha. Do olhar meio de lado. Da voz. Do perfume. Da noite em que estiveram juntos. De ter amado. De pensar ter encontrado um coração que batia como o seu.

Coração que ela trazia nas mãos, vermelho sangue, carne viva, que batia forte em cada beijo, em cada encontro, em cada palavra dita, em cada pensamento.
Mas, ele não. Trazia algo diferente. Era meio obscuro demais pra identificar. Ele deixara sempre escondido. Sempre refugiado dentro do olhar. Coração difícil de sentir e de chegar.

Contudo, isso não fazia diferença alguma. Afinal, com ele era queria estar. Na memória de olhos fechados podia senti-lo devagar sobre as cobertas ir chegando. Carinhos, mimos e sorrisos. Devagarzinho iam se amando. Como um ritual de dois corpos que se respeitam, se conhecem um ao outro em que cada detalhe não era pouco.

E, a noite ia se passando. Ela com um copo de vinho na mão e os olhos pregados no chão.
O silêncio ainda não passara. E as lembranças iam e voltavam. Tudo quieto. Madrugada. Noite fria e gelada. Ela sozinha no apartamento, o telefone sempre olhava. Nada.

Como podia sentir tanto alguém assim? Apenas alguns meses de encontros subentendidos. Como pudera esperar por um coração que nunca tinha visto? Como se lembrar de coisas que nunca tinha vivido? Como ouvir palavras soarem como sinos em seus ouvidos? Como interpretar tanta confusão sem nenhum sentido?

E a noite ia passando. Quando ela se deparou com o sol pela janela despontando. Passarinhos cantando. Novo dia chegando.

Olhou novamente pra porta e se vestiu como todo sábado de manhã, ainda sem sono. Deixando o vestido pelo chão, taça de vinho e cama arrumada. Sozinha com chaves na mão e a câmera fotográfica, saiu de carro à trabalho pela estrada.
Sem lembranças,
sem vestígios,
sem telefonemas,
sem tristeza.
Sozinha ela continuava sua vida como sempre levara.
Juliana Sabbatini

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Em algum lugar.

Era uma tarde de sexta feira. O clima já não estava como o de outono como ela tanto gostava. Já não havia folhas secas pelo chão. E, nem o pôr do sol era alaranjado. O tempo passara. Verão, outono e inverno. Primavera. E por esses dias chovia como todo mês de setembro chove. Algumas flores podiam ser vistas por Jim através de sua janela. As flores que ele deixou e ela fez questão de fazer vingar pelo tempo que fosse possível. E foi, por anos.

Jim já não se preocupara com o futuro. Pelo menos não hoje. Não numa época tão bonita e ao mesmo tempo tão triste. Como lhe fazia falta. Como a ausência era-lhe tão sufocante a ponto de mantê-la frente a uma janela, pela qual observava a chuva cair sem trégua pela terra. E, junto sem perceber, caíam suas lágrimas também.

A cortina era de seda e renda branca, e voava pelo espaço curto da sala através do vento gelado que entrava sorrateiramente passando pelos cabelos e vestido de Jim. E ela ali, tentando se desviar do passado, não querendo e nem pretendendo pensar no futuro. Apenas querendo o hoje. O hoje como forma de se aquietar naquele dia. Sem pensamentos. Sem gente. Sem telefonemas. Sem compras. Sem correria. Sem carros. Sem estrada. Sem nada que a tirasse de sua casa. Nem no café que ficava na esquina, onde ela costumava ir quando se sentia sozinha, ela queria ir.Queria ficar só. Com o hoje. Com o presente. Só, apenas com seus pensamentos.

Mas algo a chamou como quem chama feito um imã. Uma fotografia sobre a mesa. Era dele. Era dos dois. Preto e Branco. Ali parados. Intactos pelo tempo que se passou. Algo que ficara marcado em um papel de tempos atrás. Eram jovens. Viviam a vida como quem vive um começo sem fim. Noites de amor. Nas mais grandes ventanias. Tão perto um do outro e ao mesmo tempo tão longe. Se amavam. Se amaram nas noites serenas de outono. De inverno...

Junto à fotografia, um livro já empoeirado pelo tempo. Era o livro de poesias que ela fizera para escrever de seus sentimentos mais íntimos e que ninguém o vira. E agora já não mais escrevera. Perdera a graça. Perdera o fôlego. As palavras. A poesia. Coisas que somente o coração pode entender e qualquer razão não explica. Coisa que somente a escrita pode decifrar, quando os lábios não expressam.

Cada letra, palavra, verso, eram feitos para retratar dias de felicidade e ao mesmo tempo de dor. Por que sofremos tanto por amor? E, ao mesmo tempo ele nos transborda com seu sabor?

Jim usara os papéis para alimentar cada vez mais suas idéias nos seus dias frios e solitários que ficaram martelando por anos a fio. E hoje, ela apenas queria o silêncio. Apenas queria ficar nua mentalmente. Apenas não pensar no ontem e no amanhã que poderia chegar. Queria se perder no perdido. Queria o escuro. O cinza. A malancolia e o descanso.

A chuva que agora dera uma calada e o dia que já morrera, a fez fechar os olhos sentada sobre uma poltrona no canto da sala e se lembrar do passado. Do que se foi e em algum lugar deve estar a lhe esperar. E, sem querer, pensando no futuro, com as mãos trêmulas, segurava a fotografia de 50 anos atrás, e a mente sobre o túmulo em que deixara sua última colheita de flores, a qual fazia regularmente, como modo de expressar todo seu amor e carinho por ele. Sempre através das flores, através de um ato, através de um olhar profundo, da alma...
As flores que agora murchas apenas segurava o orvalho que ficara sobre cada pétala, assim como a marca das lágrimas que rolaram tão timidamente, Jim ali adormeceu. Foi indo devagar, minuciosamente à algum lugar que o podia encontrar.

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pergunta.

Às vezes me pergunto
Bem lá no fundo
De que me adiantou tanto amar?
E a resposta me vem num segundo
Como que um barulho
Dizendo que eu consegui
O melhor sentimento dentro de mim cultivar.

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coração.

Ah! Coração
Tão acelerado
Te senti pulsar
Aqui dentro
Do meu peito
Tão desajeitado
Tão angustiado
Todo tão sem jeito
Me diz o que é
Que te perturba dessa vez
Ah! Coração
Eu já expliquei
Já te falei tudo o que penso
Essa história de amor
De aventura, de paixão, te cobra um preço
Que só você com seu pulsar
É capaz de pagar

Juliana Sabbatini

domingo, 3 de outubro de 2010

Sinais.

E quando a noite chegar o que devo fazer?
Onde devo olhar?
Onde devo me esconder?
E se as lágrimas voltarem a rolar?
Quem virá me socorrer?
Quem irá enxugá-las?
Às vezes não encontramos respostas
Pra todas as nossas perguntas
E o coração se enche de um vazio tão grande
O que olhar no celular?
O que esperar do amanhã?
De quem esperar um sorriso?
De quem esperar um abraço?
Quem será que por aí me aguarda
Será que conheço?
Não sei viver recomeços
Eles me dão insegurança
Vivo levando a vida como uma criança
Sem pontos finais
Apenas seguindo sinais
Que ora aparecem pra me fazer sorrir
Ora somem e me deixam assim.

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mulher.

Uma mulher para ser interessante tem que carregar consigo um mistério no olhar. Um molejo. Um jeito doce de agradar. Qualquer coisa que a intimide e a deixe sem graça na hora de falar. Timidez na hora de estar. Uma mulher tem que ter lábios doces de quem sorri e um coração puro de quem chora. De quem sofre pelas coisas da vida. De quem sonha com um amor recíproco. E a força de quem sabe defender-se do perigo. Uma mulher pra ser interessante tem que ser como um animal arisco. Como quem corre. Como quem observa de longe. Como alguém difícil de se chegar. Uma mulher tem que ter um corpo não só bonito, mas com cheiro suave da pele sem mesmo perfume usar. Uma mulher pra ser interessante não basta ser linda, tem que ter carisma. Jeitinho meigo de falar. Como quem pede baixinho e se transborda num beijo antes mesmo de amar. Uma mulher tem que ter mais do que música, poesia... Tem que ter algo que chama, que clama a com ela estar.

Juliana Sabbatini

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

É preciso.

Ainda que a dor nos desfaleça por dentro
e o coração de tão apertado
se derrame através dos olhos
é preciso tentar sorrir

Ainda que o sufoco da garganta seca
de ver tanta injustiça
tanta desilusão e coisas que nos machucam
é preciso ganhar forças

Ainda que tudo desmorone em nossa cabeça
e os sonhos, vontade e desejos se vão
é preciso continuar caminhando
é preciso botar trabalho em nossas mãos

Ainda que como um passarinho que caminha restajando suas asas
pelo desatino de te-las sido machucadas
é preciso continuar
é preciso continuar a tentar

É preciso apenas crer
é preciso olhar pra frente
como forma de continuar a viver.

Juliana Sabbatini

domingo, 12 de setembro de 2010

Pensamento.

Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Me define.

Deus.Arte. Fotografia. Cores. Ilustração. Decoração. Publicidade e Propaganda. Poesia. MPB. Caminhada. Campo. Mar. Pôr do sol. Vento. Chuva. Cachorro. Animais. Calmaria. Cinema. Moto. Viagem. Cultura. MG. Brasil. Europa. Sorriso. Olhar. Detalhes. Simplicidade. Amor. Estrada. Flores. Doces. Azul. Fazenda. Anos 20/30/40/50/60/70. História. Edredom. Vinho. Massa. Amigos. Família. Educação. Respeito. Sinceridade. Brincadeiras. Carinho. Companhia. Tintas. Pincéis. Telas. Caderno. Caneta. Lápis. Vestido. Blusa branca e jeans. Pipoca com manteiga. Interior. Emoção. Instrospecção. Extroversão. Vida.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Clima.

Estou aqui num tempo chuvoso
Andando de um lado pra outro
Já tomei meu banho
Já passei meu perfume preferido
Agora coloquei um som baixinho bem de fundo
Sentei pelo chão e fotos comecei olhar
Máquina fotográfica na mão
Cenas de filme bonito pela imaginação
Quero um clima todo assim
Luz baixa, jantar na mesa
Vestido bem leve
Um amor que me dê certeza
De que a noite irá valer a pena
Eu quero uma música linda tocando ao fundo
Enquanto nos abraçamos bem aos poucos
Devagar ir dançando
Se abraçando até que nos beijemos
Quero, quero, quero um clima todo romântico
Quero rosas sobre a cama
Para o amor simbolizar ainda mais quem se ama
E um amor suave e ao mesmo tempo quente como fogo
Vir à tona
Quero, quero, quero um clima todo romântico
Quero viver um amor que esteja sempre me amando.

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Viagem.

Deu um aperto no peito e eu fiquei um pouco calada
São Paulo ficou pequena, um lugarzinho abafado
Arrumnei então minhas malas e peguei uma longa estrada
Quando passava por alguns lugares
Eu queria é estar respirando novos ares
Peguei o caminho do aeroporto
E lá fiquei um pouco até minha hora chegar
Nem acredito que aqui pousei
Estou aqui no meio da viola
Com pessoas como eu
São Paulo longe talvez não volte mais
Estou tão bem aqui
Estou em Minas Gerais!

Daqui sigo pra Bahia e de lá eu não sei mais.

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Pensamento.

"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la."

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre o amor.

O amor não é um vício. Nem vive só de sexo. O amor... Quer te surpreender!
O amor chega de um jeito e bate fundo no peito.
É paixão que não tem culpa de viver só de ilusão.
É paixão que só quer trazer tudo o que há de bom, tudo o que há de bom!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pensamento.

O que importa numa poesia não são as rimas bem feitas, estrofes bem articuladas ou frases bem terminadas e nem as regras gramaticais. O que realmente importa pra quem lê uma poesia, é que ela tenha a capacidade de tocar os corações - Juliana Sabbatini

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desejo.

Casta lua branca envolvente no céu de inverno
Crescente acenando um outro dia que vai chegando
Sem nuvens, sem relampejos
Vejo o céu eloquente nu, como o corpo que desejo
Como uma voz suave baixinho me dizendo
Tudo, tudo o que almejo
Sem mesmo eu dizer qualquer palavra
Adivinhar cada jogada
Cada olhada, cada parada, cada tomar de fôlego
A chegada da primavera é quando entrelaçam-se os ninhos
Quando se afinam e explodem os carinhos
De dengos, beijos e abraços
De elogios, olhares e amassos
De dois corpos que se amam e se encaixam
Entre duas almas onde não já não cabe mais nada
De lembranças infantis e passadas
De um tempo em que não se sabia de quase nada
De como expressar-se, como dizer cada palavra
Tempo esse que hoje gira
Relógio sem retorno que corre aos poucos
Lembram hoje com as folhas pelo chão
Os tempos de outono
Sol vermelho no céu morrendo
Noite infinita no paraíso se firmando
E ali no meio do nada duas bocas se beijando
A natureza é a pureza que a envolve
Nas águas, na grama, no dia e na noite
Ao ar livre se descobre
Devagarzinho cada sentido, cada toque
Reconhecendo dentro do olhar
O que a alma está em silêncio querendo expressar

Juliana Sabbatini

domingo, 22 de agosto de 2010

Amigo.

Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo pra sermos mais amigos
Mulher e Homem talvez

Pode ser que algum dia você sinta
Saudades de ver-me entre os vinte e os trinta
Com loucura querendo me ter

Pode crer eu to bem eu vou indo
Não faço questão de ser tudo
Mas só não quero ficar muda

Preciso e necessito dizer do amor que eu sinto
Vem pra cá senta aqui que o jantar está na mesa
Me ensina esse jogo da vida

Coisas que eu ainda não sei viver
Me perdoe toda minha insegurança
É que não sou mais aquela criança

Aquela menina que em teus braços
Você me acolheu
Em teus braços em que você foi mais eu

Nem você, nem ninguém está sozinho
Você faz parte desse caminho
Que talvez hoje eu sigo em paz

Juliana Sabbatini

Pensamento.

Bom mesmo é trabalhar com que se ama. Então o dinheiro se torna apenas uma consequência e não seu foco - Juliana Sabbatini

sábado, 21 de agosto de 2010

Por isso.

Às vezes não sabemos que caminho estamos seguindo
E diante nos nossos olhos apenas a escuridão é o que nos resta
Não há cores diante do mundo
E as músicas já não são mais ouvidas
Caminhamos pelas ruas como almas penadas
Não há brilho no olhar
É uma tela em branco, ou simplesmente abstrata
Não tem como se definir um começo , meio e fim
E diante de tanta confusão
E diante de tanta distorção
Olhar embaçado, embaralhado por cada situação
Pelos pés que parecem não se firmarem no chão
De repente o destino está cuidando do seu caminho
E sem mesmo você perceber
Tudo vai acontecendo pro seu bem
E tudo sempre com muito carinho
Ao se deitar na cama
Há alguém velando pelo seu sono
Ao levantar num novo dia
Há alguém te olhando e trabalhando
Por tudo aquilo que você mais sonha
E depois de tantas nuvens escuras
E depois de tanta chuva, tanta luta
Eis que surge um céu azul
Eis que surge os primeiros raios do sol
E então seus olhos ganham vida
E você começa a descobrir tudo de novo
Como uma criança que começa a andar pela primeira vez
Como uma flor que acaba de desabrochar
E ouve a canção de um passarinho como se fosse a primeira vez
Se olha no espelho como nunca se tivesse visto
E começa a conhecer você, a sua história
E descobre que tudo trabalha e contribui para o bem daqueles que servem à verdade, humildade, caráter e principalmente em sempre fazer o bem a quem está ao seu lado.
Por, isso simplesmente - Ame!

Juliana Sabbatini

sábado, 14 de agosto de 2010

Pensamento.

O saber aprendemos com os livros e os mestres. Mas, a sabedoria só a vida é capaz de nos ensinar - Juliana Sabbatini

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Com o tempo você aprende.

Com o tempo você aprende que ter paciência é vital para se ter algo
Que a alegria conquistada não depende de ninguém além de você
Que os sonhos são possíveis, sim
Contanto que você lute por eles
Com o tempo você entende que nem sempre as coisas são como a gente quer
Aprende a olhar a vida de frente
E a enfrentá-la não como uma batalha difícil
Mas, como um jardim de cada dia que precisa de cultivo
E aprende que quando decorado da maneira certa, ele floresce
Atrai as mais variadas vidas e então ele cresce
Com o tempo você entende que situações simplesmente acontecem
Sem mesmo que a gente desse permissão pra que acontecessem
E então você aprende a não se revoltar com o destino, mas a entender o propósito dele
Com o tempo você compreende que nada acontece por acaso
Que situações pelas quais você passou no passado
vão sim enfluenciar e te orientar lá no futuro
Que as lágrimas servem não só para demonstrar tristeza
Mas, para regar as flores do seu jardim para que elas cresçam
Com o tempo você entende que a maior cicatriz não é a da carne, mas da alma
E que não há remédio que a cure senão o amor de Deus
Aprende que sorrir faz bem e conquista até mesmo um animalzinho
Entende que a dor é inevitável, mas que o sofrimento é opcional
Compreende que palavras ferem mais que um tapa
Aprende que amar não significa esperar reciprocidade
Compreende que se doar a alguém sem pensar em recompensa
é a forma mais delicada de ser verdadeiro com o outro e consigo mesmo
Aprende que se algo não deu certo pra você hoje
não significa que sua vida vai ser sempre assim
Entende que quando você perde um teto, você ganha as estrelas
E então você compreende que acima de tantas nuvens escuras
sempre há um céu azul
Aprende que tudo o que os mais velhos falam são conselhos vivos
Você não precisa segui-los na hora, mas guarde dentro do coração
Pode ser que um dia você precise
Entende que dinheiro realmente não tem valor algum diante de muita coisa na vida
Aprende que o amor é a base mais sólida, fértil e segura de se construir uma história
E então compreende que o perdão é uma forma de você tornar saudável a sua alma
Compreende que os "nãos" da vida, são simplesmente para deixar você mais forte
E que tudo na vida tem o seu tempo certo de se ter e ser
Compreende que ter um amor do seu lado é uma forma de você ganhar ânimo pra se levar a vida de um jeito mais alegre
Aprende que vale a pena arriscar e tentar todas as oportunidades que batem à sua porta
Que o medo é bom, mas dosado numa medida extrema, te faz perder oportunidades
Que a ousadia é um dos princípios do sucesso
Compreende que vale a pena ser bom, ainda que pra isso você passe por momentos desagradáveis
A recompensa sempre chega àqueles que presam pela verdade
Aprende que inteligência te faz crescer diante do material
Mas, só a sabedoria te faz vingar onde o olho e a carne já não podem chegar
E, você aprende que o que você plantou hoje, certamente vai colher amanhã
E que por isso, devemos tomar cuidado com o que estamos semeando em nosso jardim
Entende que todos têm o direito de errar
Mas que cometer o mesmo erro por mais vezes, já não é mais inocência
Aprende que a ingenuidade pode te colocar em situações constrangedoras
E que a malícia na medida certa, é uma forma de defesa
Aprende que o pior sentimento não é o da raiva, ódio ou pena, mas o da decepção
Entende que só é possível caminhar olhando pra frente
E então compreende a deixar o passado em seu devido lugar
Aprende que reconquistar é muito mais difícil do que conquistar
Mas que vale a pena tentar, porque a recompensa é proporcional a toda luta
Com o tempo você aprende que embora pessoas digam tantas palavras à você
apenas o tempo será capaz de te fazer aprender como ganhar maturidade na vida e então crescer.

Juliana Sabbatini

Indo.



alguns passos inquietos pela casa
e o silêncio me envolve misteriosamente
a solidão, a ausência do barulho e a dor
acarinham minha mente
tão fácil calar e ouvir
poucas palavras
que ficaram soltas por aí
que ofuscam a necessidade real
há momentos de se pensar
e dias em que os dias simplesmente param
confusas notas e bilhetes
de tempos bonitos e serenos
partes de um todo que se encaixam
fatos agora distantes e obscuros
me levam pra longe e não me deixam a vontade
me levam embora
devagarzinho, bem de mansinho
aos pouquinhos sumindo como uma estrela no ceú
e o mundo prossegue a viver a vida sem meu “eu”

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Próximo inverno.



Os meus pensamentos voaram rápido demais
E eu de tudo isso me machuquei
Por várias vezes me sentei sozinha no quintal
E olhando pro céu
Me perguntava onde é que estava você?
Onde é que eu me encontrei?
Ou será que me perdi?
Você tinha o sorriso mais bonito que alguém pode ter
Porque era tímido
Porque era difícil de se ver
Sabe, a vida nunca foi favorável a mim
Não e questão material
Eu sempre tive de tudo
Eu não sei se conto, se desabafo
Mas se você me visse agora
Veria as minhas lágrimas rolarem sem eu querer que elas caíssem
Já vi tanta falsidade, tanta falta de caráter
E perdi a vontade de viver
Já vi tanta maldade
Que perdi o sentido da vida de não mais querer
Você era quem tinha me estendido a mão
Você era pra quem eu olhava e via uma luz
Você era pra quem eu sorria e me sentia segura
Envolta dos seus braços
Sob os desenhos do seu braço
Era pra você que eu escrevia
Era você que me fazia
Ter vontade de viver
Será que você entende?
Melhor eu ir embora
Hoje o dia está frio
Preciso me aquecer
Já é tarde, preciso ir pra dentro
E tudo o que eu peço essa noite
É que eu não esteja mais só no próximo inverno

Juliana Sabbatini

Me inspirou:

domingo, 18 de julho de 2010

Passarim



Ai quem me dera eu pudesse ser poeta
Escrever palavras e além de versos
Escrever também belas canções
Ai quem me dera todas as palavras
Em um papel branco registradas
Pudesse tocar os corações
Ai quem me dera um sorriso meu
Se expressasse nos olhos teus
E eu pudesse não me sentir mais tão sozinha
Ai quem me dera olhar pro céu
Procurando rimas pro poema meu
E me encontrasse junto a ti meu passarim
E depois de tanto tentar
Enxugar as lágrimas pra não mais chorar
Escreverei, escreverei junto a ti no nosso "nim"

Juliana Sabbatini

terça-feira, 13 de julho de 2010

Casinha.



Naquela casinha longe é onde eu gostaria de estar
Fica distante da estrada
Não tem gentarada e ninguém pra incomodar
A paisagem é uma beleza eu tenho certeza, qualquer um ia gostar
Colocaria uma varanda na frente
Uma grande rede pra poder descansar
Um cantinho bem pequeno
Todo arrumadinho pra eu poder pintar
Com uma bela capela ao lado da janela pra poder rezar
Ah que coisa linda se um dia eu pudesse estar lá
Na casinha longe da estrada
É onde eu queria estar
Ah que bom que seria
Se um grande amor um dia
Pudesse chegar lá
Então eu prepararia um almoço no dia
Com comida especial para o agradar
Passeando pelo meu quintal
Sem graça eu iria ficar
Olhando para aquelas rosas
E meu amado em frente a me observar
Sem pedir brotaria um beijo
E nasceria o desejo de a noitinha
Devagarinho nos amar
E quando amanhecesse o dia
Preparar comida, um café com pão
Ouvindo o som dos passarinhos
Nós dois ali juntinhos naquela imensidão
Ele com lençol deitado na cama
E eu o abraçando com vestido de algodão

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Moreninha.



Moreninha bonitinha do cabelo comprido
Sentada frente a janela com o olhar todo perdido
Quieta a imaginar talvez o seu destino
Ou, sonhando sem querer com o que há atrás do edifício

Moreninha bonitinha, quantos já te viram sorrindo
Com o olhar reluzente despertando sempre elogios
Hoje mulher feita nas palavras busca abrigo
Despertando o interesse de saber que tem contigo

Moreninha bonitinha do cabelo comprido
De tranças, mãos delicadas e um simples vestido
A sós sempre te vejo sentada frente a janela
Um dia a sorte aparece e te leva pra voar alto com ela.

Juliana Sabbatini

Quero viver um grande amor.



Não sou de baladas, músicas eletrônicas e bebidas
Não tenho inúmeros amigos e nem chego em casa nos finais de semana durante o dia
Não cultivo gargalhadas por piadas de coisas sem sentido
Não sou dessa era moderna
Desse tempo insano de não sermos queridos
Desse desgastante tempo de não poder, de fato, um grande amor ter vivido
O meu nome é calmaria, é poesia, é ler bons livros
Meu nome é arte, é cumplicidade, é vontade de viver um grande amor um dia
E viver um grande amor pra mim, não é papel, não é aliança material
Viver um grande amor pra mim é compartilhar dele de igual pra igual
É poder expressar o que sinto e sentir que é recíproco
Não quero pensar nessas regras da sociedade
Não quero viver um amor por vaidade
E a todos poder mostrar
Não penso na minha casa e nem se quer em ter filhos
Isso vem com o tempo, se por acaso o tempo quiser nos preparar
Eu quero viver um grande amor
Apenas isso
Daqueles de deitar na grama
De fazer amor sem medo, sem receio com alguém que também me ama
Quero provocar-lhe suspiros verdadeiros
Não só com palavras, mas com um amor sorrateiro
Manso, carinhoso, amigo
Quero ter alguém pra poder dizer como foi meu dia
Um amor pra poder dedicar-lhe minhas poesias
Pra poder não voltar pra casa num chato dia
Quero viver um grande amor
De forma simples e suave
Quero expressar-lhe minhas vontades
E satisfazer qualquer uma dele
Quero sair pra conhecer lugares
Marcar meu nome na árvore
Pra ficar registrado que passamos por ali
Quero viver um grande amor
Pra sair dessa chata rotina
Dessa triste vida
De não se ter alguém
Quero viver um grande amor
Para amar-lhe o seus mistérios
Suas brigas, seus momentos sérios
Quero viver um grande amor
Para poder por em prática tanta coisa bonita que tenho aqui dentro
Quero falar-lhe bem baixinho daquilo que sinto
Quero olhar-lhe de um jeito tímido
Compartilhar tantas e tantas brincadeiras
Quero viver um grande amor
Pra poder andar de mãos dadas
Sair pelas estradas, sem ter programado um destino
Quero viver um grande amor
Para dar-lhe carinho, enche-lo de mimos
E, poder ficar feliz com tudo isso
Quero viver um grande amor
Que possa ser como uma história
Da realidade, da verdade em tempos difíceis
Quero viver um grande amor
Pra sentir a fidelidade, a reciprocidade de sermos mais que amigos
Quero viver um grande amor
Para levantar de manhã e ter um motivo
De sair cantando e de achar que tudo é lindo
Quero viver um grande amor
Até que a morte nos venha visitar
E pra não sentirmos dor alguma
Que juntos ela possa nos levar

Juliana Sabbatini

Olhos meus.



Óh! Se alguém souber
O que dizem os olhos meus
Peço que me fale
Bem baixinho preso aos seus
Oh! O que dizem os olhos meus
Nem eu mesma sei
Quanto adeus, já cultivei
São as tristezas dessa vida
Me fizeram guardar cada partida
De ver o barco em alto mar
E logo depois pedindo socorro, naufragar
Oh! Se alguém souber
O que está lá dentro dos olhos meus
Que possa oferecer amparo junto aos seus
Peço que venha me contar
Profundezas de encontros marcados
De tempos cerrados em nunca mais voltar
Olhos de mulher triste
Mas que ainda insiste em querer amar

Juliana Sabbatini

domingo, 11 de julho de 2010

Semente.

Eis que pelos campos lançou a semente o semeador
Parte da semente lançada, consumiram as aves do céu
Junto do caminho caiu e fruto, portanto, não deu

Outra parte logo cresceu, mas raiz em si não formou
Entre pedregais foi cair, veio o sol e logo murchou
Outra, que caiu entre espinhos, sufocada, não pode crescer
Muito tempo não resistiu e veio, portanto, a morrer

Mas em boa terra caiu outra parte e frutificou
Os seus frutos deu, cem por um, para aquele que semeou
O Amor é a semente que em nós opera com poder
Somos a lavoura que almeja seus frutos poder colher

Juliana Sabbatini

sábado, 10 de julho de 2010

Anseio.

Tomara a vida me apresente
A um novo tempo de uma nova gente
Sentimentos puros pra poder falar
Tomara essas pessoas tenham vida
Me ensinem a viver sem rotina
A criatividade de poder ousar
Tomara eu me apresente frente aos passarinhos
Num lugar quentinho eu possa me aconchegar
Tomara eu veja o brilho terno dentro de cada olho
E assim eu possa confiar segura
E leve a vida suave como quem sabe cantar
Tomara a vida me dê o presente
De viver num mundo distante
Apenas para poder amar

Juliana Sabbatini

domingo, 4 de julho de 2010

Matriz da vida.

Me lembro como se fosse hoje, numa aula de redação, em que o dever era descrever sobre o desenho pregado na parede. E eu fiquei nervosa. Olhava pra um lado e as canetas rabiscando o papel. Olhava pra outro, a mesma história se repetindo. Todos escrevendo como se aquela figura trouxesse uma inspiração inesgotável a ponto de ninguém se perder entre as idéias. E eu ali. Parada. Sem saber o que por no papel. Olhava pra imagem. Olhava pra minha página em branco, enquanto as canetas alheias dançavam nas mãos dos meus amigos como que bailarinas em um espetáculo de ballet clássico.
A figura desenhada e pregada à frente, era simples e objetiva. Uma árvore sendo balançada pelo vento. Com seus galhos contorcidos e folhas caindo pelo chão. Apenas isso. E o que descrever sobre aquela cena? A situação ficou intacta e de repente pra quem tinha sede e criatividade pra escrever o que quer que fosse, ficou nula. Tudo branco. E o tempo passando. E o final chegando. E eu precisando tirar nota.
Até que eu olhei pela janela. Vi o vento debruçando-se por entre as cópolas das árvores. Num ritmo como que de dança. Numa cena quase que poética. Num momento que me fez ter lembranças. E então rabisquei naquele papel imenso em branco, uma única e simples frase: “Sobre o vento não sei descrever. Só sei sentir”.
Tudo o que eu sabia sobre o vento não se podia traduzir para o universo das palavras. Era uma sensação sem saber. Como se fosse impossível simplesmente rabiscar algumas palavras de uma forma tão exata.
Diante daquela página em branco, visitava minhas lembranças felizes, de todas as vezes que de maneira tão terna, meu pai fazia sentir-me livre, abrindo os braços e sentindo o vento. Das lembranças em que sentava a beira mar pra sentir aquela brisa fresca. Das lembranças de quando corria com meu cachorro pela grama. Quando sentava numa cadeira de balanço. Quando andava de bicicleta sem descanso. Quando tudo o que eu podia sentir, era o vento tocando o meu corpo.
Nunca mais pude me esquecer daquele dia. Aquela resposta se tornou inquietante dentro de mim. Me foi reveladora. Me fez pensar o quanto vez ou outra a descrição sobre o vento se desdobra em inúmeras realidades. Vez ou outra, me pego aflita como naquele dia em não saber como descrever o que sinto. Como vou falar do que sinto? Como encontrar palavras que sejam capazes de alçar vôo e alcançar a metafísica dos meus afetos? Como descrever tudo sem que eu menospreze alguns detalhes? Sem que eu me esqueça de outras partes? Sem que eu não fique me sentindo culpada por não tê-lo dito de forma coerente e completa?
O saber e o sentir são verbos preciosos, mas não realidades que sobrevivem à superfície.
E diante disso, pude perceber que o divino na vida é sentir o que não se pode falar. É poder saber o que está lá dentro, mas sem saber como explicar. E a cada dia que vivo, fico ainda mais ansiosa pra cultivar isso dentro de mim. Querer que a matriz da minha vida, seja tudo aquilo que não se pode descrever.

Juliana Sabbatini

sábado, 3 de julho de 2010

O tempo certo chega.

A vida exige da gente mais leveza. Leveza pra poder seguir de forma mais prazerosa e menos temida. Como numa viagem. Quando estamos na estrada e olhamos ao nosso redor uma paisagem limpa. Muito céu e pouco chão. E então podemos contemplar cada detalhe, cada momento de um tempo que fica marcado. São as aves no céu, o pôr-do-sol, o vento fresco batendo no rosto, o caminho que às vezes parece longo, a música tocando, e o destino cada vez mais próximo.
Costumo dizer que o melhor de uma viagem não é o seu destino e sim todo o seu percurso. É que sempre temos a pretensão de preparar o futuro. Eu tenho. Você também deve ter. Contudo, tenho medo que essa pretensão seja demasiada. Que ela tome conta e me faça esquecer de viver o hoje.
É aí que nasce um peso desonesto sobre a gente. Pensamentos sobre ontem, hoje e futuro. Sendo que tudo, ou melhor, apenas devemos nos preocupar que tudo tem seu tempo certo de acontecer as coisas.
Uma cena que ilustra perfeitamente o que tento passar é a de um menino tentando soltar uma pipa pelo céu.
O menino foi ensinado. Sabe que a pipa foi feita para estar lá – voando. Ele foi ensinado assim. Já viu pessoas fazendo isso. Ele acredita que pode fazer o mesmo também. Sabe de todas as técnicas, pois já lhe falaram. Tem todo o equipamento em suas mãos e não resta mais nada a não ser praticar.
O menino se empenha. Faz tudo como tinha aprendido. Mas a pipa está momentaneamente impossibilitada de fazer o seu papel. Não por falta de técnica. Não por falta de tentativa. Mas, quem sabe pelo momento. O simples momento em que não havia vento suficiente no céu. De certo não havia sustento.
Mas sem desistir do projeto o menino continua. Olha pro lado. Conversa com os colegas. Tenta. Corre. Pergunta. Faz o que lhe é possível e quando ele menos espera o milagre acontece.
Obedecendo o destino dos ventos, a pipa aos poucos vai se desprendendo. Vai subindo e a linha se soltando. E o que por algum momento estava preso no chão, aos poucos ganha a imensidão do céu.
O rosto do menino se desprende junto do momento em que a pipa ganha liberdade pelo céu. Nasce um sorriso. Nasce os olhos vivos e a alegria de ter conseguido. Tudo ao seu tempo, de forma natural e leve. Sem querer passado, sem querer futuro. Felicidade de apenas vivenciar o presente. A linha nas mãos e a pipa no céu.
Juliana Sabbatini

Como vemos.

Antes de escrever sobre alguns temas de fotografia, algumas dicas, livros, matérias e afins, achei interessante escrever um pouco de como essa arte está dentro da gente e como ela é minuciosa, particular e possui uma expressão extremamente íntima de cada olhar.
Fotografar em um ato consumado é você mirar a lente em um objeto, paisagem, pessoa e registrar. Pronto. Você já tem consigo um momento único. Uma expressão estática, paralisada daquilo que só você observou, que só você sentiu que deveria transformar aquele segundo, numa imagem que poderá ficar para sempre. É o seu momento. Seu olhar, sua sensibilidade que trouxe ao papel ou tela de um computador aquilo de mais sublime, que é a expressão do ser humano. A fotografia é a mais sublime forma de expressão do ser humano.
Mesmo quando estamos andando pelas ruas, parques, avenidas, supermercados, entre outros lugares, passamos o tempo todo fotografando. Não consumamos, porque não temos uma máquina em nossas mãos para registrar cada cena, mas as registramos na nossa mente.
Eu sempre falo a frase: “Ah, se meus olhos tirassem fotos!”. Meu sonho era que a tecnologia chegasse a tal ponto de poder clicar apenas com os olhos aquilo de mais interessante que eu olhar. Seria fantástico. Porque como eu disse, andamos pelas ruas sempre registrando e guardando na memória as cenas, objetos, expressões, que mais nos chamam a atenção.
Quem nunca esteve num parque e não pensou: Ah! Se eu tivesse com uma câmera. No trânsito quando nos deparamos com todo aquele prenúncio de stress, de falta de paciência, irritabilidade das pessoas. Nas ruas de São Paulo quando ficamos frente a frente com mendigos deitados no chão. Quando vemos algum animal bonito. Paisagem que marca. Ou até mesmo quando vemos uma criança linda, no colo da mãe ou do pai numa cena impossível de não agradar o observador. Não tem quem não ame fotografia. Ainda que existam pessoas que não gostem de ser fotografadas. Ainda assim todas, todas as pessoas não ignoram uma bela fotografia, cheia de valores, lembranças e sentimentos.
A fotografia faz parte da nossa história. Da nossa vida. E antes mesmo de saber sobre toda parte técnica, de toda parte teórica, já desenvolvemos naturalmente o nosso estilo e através dele mostramos como vemos o mundo.
Algumas pessoas veêm um mundo mais alegre, outras mais triste. Uns enxergam de forma mais colorida, outros de forma cinza. Uns se preocupam em querer registrar problemas sociais. Já outros, procuram registrar situações inusitadas e divertidas. O fato é que, ao fotografarmos inconsientemente estamos registrando nosso "eu".
Cada pessoa possui um estilo dentro de si. E por isso podemos dizer que fotografar é uma arte. Pois ela não se repete. Ainda que um grupo de pessoas sobre um mesmo objeto tente registrá-lo de forma idêntica, ao comparar uma fotografia com a outra, isso seria apenas impossível. No máximo poderiam chegar próximas. Porque cada pessoa vê de um jeito. Vê de um ângulo. E o mais importante – ela gosta do jeito que vê.
É interessante citar também, que cada pessoa traz consigo uma bagagem cultural e visual estética, que interferem no modo como cada pessoa enxergue uma determinada cena.
Isso se deve aos filmes que já assistiram, aos livros que já leram, até mesmo as músicas que já ouviram. Tudo isso contribui para a formação de cada pessoa ao optar por uma determinada estética e padrão de fotos. Além da personalidade de cada um influenciar e muito nessa arte.
Logo, sabendo que a produção de uma fotografia profissional ou amadora, traz consigo meandros da personalidade das pessoas, que nos revela as suas entrelinhas, sua sensibilidade, a forma de ver o mundo, da mesma forma que qualquer outra arte, fica registrado aqui uma nova forma de olhar fotos. A mesma forma que você tem de ouvir músicas. De olhar um quadro. Admirar um espetáculo.
Comece a observar toda e qualquer fotografia como uma história. Como uma pessoa. Como se fosse viva. E é. Observe cada detalhe. Admire cada gesto. Procure entrar na cena. Tente entender a mente do fotógrafo – isso é primordial.
Você não só vai se encantar pela imagem registrada, como também por quem a quis registrá-la. É a alma de uma pessoa discretamente fracionada em uma folha de papel, em uma tela de computador. É o sentimento. É a vontade. É o se encantar por aquilo, de forma particular de cada pessoa. É a forma como vemos.

Juliana Sabbatini

(Esse texto faz parte do meu blog de fotografia que ainda está em construção - aguardem!)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Voa coração.

Voa coração
Voa que meus sonhos te sustentam
Viaja pra bem longe
Viaja sem parar
Onde não haja muita gente
Deve haver esse lugar
A paz ao fundo pede
Uma estrada emprestar
Trazer com ela até o amanhecer
A simplicidade que a natureza tem pra oferecer
Vara a escuridão, onde a noite esconde a lua
Clareia o caminho, acendendo cada olhar
Num lugar simples, ver o lindo dia despontar
Vai onde o jardim é o quintal pra se ficar
Colher as flores que ninguém jamais semeou
Enfeitar o mundo, como você sempre imaginou
Vai e não se esqueça de trazer
A magia, a fantasia de saber viver
Numa casinha lá onde mora o sol poente
Onde festejam luas cheias, minguantes e crescentes
Numa noitinha que suave e contente
Nos levará ao melhor sonho finalmente
Satisfazendo tudo aquilo que a gente sempre quis
E simplesmente nos permitindo ser feliz

Juliana Sabbatini

Uma música só.

Vista-se devagar
Sem pensar no quê
O amanhã trará
No amanhecer
Ah! Se eu pudesse entender
Todos os mistérios desse mundo
Diria todos num segundo
Pra você não se apressar
Ah! Se eu pudesse encontrar
Todos os caminhos mais seguros
Te levaria até eles
Pra você não se machucar
Ah! Se eu pudesse trazer comigo
Todas as palavras
Que você quisesse escutar
Ah! Se eu soubesse de todas as dores
E pudesse assim, pra sempre te curar
Ah! Se eu pudesse fazer ao menos uma melodia
Pra preencher esse seu dia
Só pra te encantar
E esse seu olhar
Ao encontrar o meu
Embalar numa música só
Num ritmo suave, só você e eu

Juliana Sabbatini

Assim.

Um cantinho, um violão
Papel rasgado em minhas mãos
Uma caneta pra expressar com toda calma
Em cada letra registrar
Um pouquinho do que se olha
Muito tempo pra pensar
Muito espaço pra sonhar
E da janela poder ver
O pôr-do-sol pra me encher
Cada vez mais de vida
Cada vez mais de alegria
Da esperança de um dia
A tristeza não ser mais triste não
De pulsar a felicidade bem forte no coração
E assim jorrar pelo corpo inteiro
A inesgotável sorte de se ter um canteiro
A plantar as mais belas flores
A observar borboletas multicores
E os pássaros com suas melodias
Da orquestra dos amores
Quero a vida sempre assim
Com a paz perto de mim
Sem me esquecer como se ama
Quero a vida sem pensar
E perceber a coisa mais divina
Que há no mundo
Viver cada segundo
Como nunca mais

Juliana Sabbatini

Bela sem alma.

Ela estava sozinha. Andava, corria e caminhava sem rumo. No sol, na chuva. Seguia seu percurso viva e impecável por fora. Seu sorriso era como se fosse programado sempre que recebia um elogio, nas horas de cumprir as regras sociais, por educação... Suas palavras eram curtas. O suficiente para comunicar-se e levar assim a vida. A maior parte do seu tempo, o silêncio a cortejava. O silêncio era seu amigo, seu abrigo, à medida que os dias passavam. Seu olhar era aquele ofuscado. Meio parado, como o de alguém que olha ao longe. Alguém que espera por algo. Alguém que espera que algo aconteça. Alguém que a faça acontecer. Seu corpo todo era lindo. Por onde passava era visto. E assim permanecia intacto. Tinha uma coisa. Coisa assim que não se dá nome. Que chamava. Que atraia quem a visse. Um sorriso largo meio misturado, meio disfarçado pelo olhar triste e a sua alma... Doce. Era linda. Era comparável aos sentimentos mais sublimes que uma pessoa pode ter. Fina. Frágil. Transparente. Sincera. Mas agora, é como se ela fosse roubada. Como se fosse arrancada. Tirada e levada pra algum lugar desse mundo. Perdida. Sem rumo. Sozinha. Porque é bem visto que nesse corpo bonito, do sorriso marcante e do olhar triste. Essa alma já não mais reside.
Em algum lugar do mundo com alguém, ela persiste.
Juliana Sabbatini

terça-feira, 15 de junho de 2010

Segredo.

Eu quero aquele clima de noite serena. Orvalho gelado caindo na grama. E, a paz do silêncio pra me acompanhar. Eu quero ouvir e sentir o vento. Mergulhar em meus pensamentos a ponto de não estar. Eu quero partir pra um lugar distante que seja o bastante pra poder me encontrar. Eu quero o banho demorado, o vestido talhado de frases que me descrevam cheio de exclamações. Eu quero me ter. Quero me conhecer no silêncio da madrugada. Quero a música ao fundo. Quero os cabelos molhados. Quero o perfume. Eu quero estar numa casa simples de cortinas brancas, finas, de renda, esvoaçando pela janela. Quero a cama larga, de madeira rústica, de lençóis claros a abraçar meu corpo todo sobre ela. Eu quero o céu todo estrelado. A lua sobre meu espaço, clareando apenas a silhueta. Eu quero me dispor de qualquer assunto. Quero guardar bem lá no fundo o que me vier na cabeça. Eu quero não só viver de poesia. De poesia escrita, apenas registradas em um papel. Eu quero a poesia viva. A poesia sentida e alguém do lado meu. Eu quero amar, quero estar onde nunca alguém se escondeu. Eu quero conhecer, quero decifrar, quero desvendar cada detalhe e cada segredo seu.

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Procura.






Venho de uma luta constante. De um mar revolto que não me dava descanso. Um gosto de água salgada na garganta e sede de paz. Cansada de lutar. Tudo o que eu queria era um abrigo, água e nada mais.
Não vinha a procura de um porto seguro. Eu já tinha o meu. Começado, talhado e decorado com meu eu. Podia não ser o melhor que alguém já viu, mas tinha meu jeito, meu cheiro.
Eu vinha a procura de não sei bem o que. Vinha a procura de não mais procurar. De descansar num julgo suave. Numa paz inconsciente. Que chega, envolve e aquece.
Tudo o que eu queria era a paz. A paz que sorri de um jeito puro. Que abraça de um jeito suave. Que olha e toca sem deixar que escape o coração pulsar mais forte. O sangue correr mais rápido. O brilho nos olhos de estar amparado.
A paz que transparente não se vê, mas se sente. No outro. Num outro que a gente não conhece. Que a gente descobre a cada dia no silêncio das palavras. Nos toques das mãos. Na ausência de um agrado. Na gentileza da emoção.
Paz que é chegar em casa sorrindo. Insônia boa. Saudade que revela. Certeza que não mata. Paz que nos faz encontrar uma semelhança macia. Momento em que encontramos um lugar confortável em nós. Poder então saber um pouco do que vai no outro e sentir que o pouco é que mais nos satisfaz.
Juliana Sabbatini

Alma de mulher.






Vestidos vestem voluptuosos. É vida. Ventando por fora e por dentro da gente. Vestidos sinuosos, vestidos transparentes. Vestidos vestem despindo deixando o sangue quente. Perigo aos olhos dos que olham. Coração ardente. Vestidos vestem. Vestidos voam. Vestidos que revestem o corpo de mistérios e atraem os que sonham. Vestidos de tempos antigos, tempos passados e tão instintivos. Insinuando vestindo vestidos. Vestindo vestidos. Perigo. Verticalizando as curvas que sob vestidos indagam sutilmente a mente de quem está sentindo. Vestidos que ao toque do vento voam. Revelam silhuetas, não de magras e nem gordas, curvas de mulher. Pra dizer que a mulher que vestido veste, melhor seria dizer que o despe.

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vida.






Se você soubesse o quanto você vale. Se soubesse o valor dos seus atos. Se entendesse a força das suas palavras. Se percebesse a importância das suas atitudes. Se acreditasse em todos os seus sonhos. Se chorasse sempre que tivesse vontade. Se risse como se ninguém olhasse. Se dançasse como se estivesse sozinho na sala de estar. Se bebesse quanto quisesse. Se beijasse sempre a pessoa desejada. Se amasse sempre a pessoa certa. Se dissesse Eu Te Amo sempre que sentisse vontade. Se dormisse sempre que sentisse sono. Se abraçasse apenas quem você ama. Se dormisse de conchinha sempre que estivesse carente. Se ligasse quando sentisse falta sem medo de pensar o que a outra pessoa iria achar. Se estudasse sempre que fosse necessário. Se pudesse superar todos os obstáculos sem se machucar. Se pudesse se livrar de todas as dores logo que elas começassem. Se pudesse matar a saudade sempre que ela bater dentro do peito. Se deixasse de sentir falta de quem partiu. Se vivesse sem pensar no amanhã. Se cantasse como se ninguém estivesse ouvindo. Se ficasse em silêncio toda vez que não tivesse certeza. Se não tivesse medo. Se fosse ousado num momento que poderia mudar sua história. Se pudesse estar sempre presente e por perto em todos os momentos... Se tudo fosse assim, seria fácil. Mas, não seria Vida.

Juliana Sabbatini

Meus em teus.







Ainda que eu falasse e escrevesse
Todas as palavras mais bonitas do mundo
Ainda que meus dedos aparelhados a uma caneta
Encobrisse uma folha de papel
E transformasse concretamente meus sentimentos
Se meus olhos não estiverem em vista
Nada disso se tornaria tão real
Se meus olhos não tiverem ali
Pregados e fitando rumo aos teus
Nada do que eu fale se tornaria tão mágico e tão verdadeiro
Ainda que você tentasse decifrar meus pensamentos
Sem a janela da minha alma
Isso seria apenas impossível
Se teus olhos não estiverem para se encontrarem com os meus
Se teus olhos não souberem
Como os meus mudam de cor em cada momento
Em cada dia, em cada situação, em cada emoção
Seria apenas imaginação vagando sobre a mente, compondo sonhos
Ainda que você pudesse brincar e vagar por tantas letras e palavras
Nada seria tão real quanto uma viagem direto a alma
Nada seria tão encantador quanto sentir frente a frente um mundo novo
Sem meus olhos frente aos teus
Nenhuma palavra por mais linda que fosse
Seria capaz de expressar tanta coisa

Juliana Sabbatini

terça-feira, 11 de maio de 2010

Momento








Tem momentos que a gente se cala e não sabe o que vai ser. A gente olha pra um lado, olha pra outro, pra cima e pra baixo. A correria da rotina vai nos tirando o fôlego. Como fosse algo que aos poucos fosse nos cegando. Nos esfriando e não permitindo que pensemos nas coisas mais que o coração insiste em querer resolver. Pensamos que talvez essas coisas não passam de meras perdas de tempo. De meras ilusões fantasiadas e tidas em um fundo estampado de cor de rosa. Então nos perdemos. Não nos vemos. Não nos sentimos. Andamos pelas ruas como todas as pessoas fazem. Vem e vai. Não conhecemos ninguém. Saímos com amigos. Conversamos. Falamos besteiras. Bebemos. Comemos. Chove. Faz sol. Amanhece. Trabalhos. Cursos. Relógio que gira 360° sem parar um minuto se quer. E o coração ali, quieto, que de tanto pedir. Que de tanto querer. Ficou cansado. Ficou imobilizado diante de tantas outras ocupações que um dia carregado trazia para uma mente. O silêncio fez-se então o barulho. O silêncio, a paciência, a tristeza daquele que fazia o mundo tornar-se lindo, único, pessoal... Incomodou. Incomodou de tal forma que a noite enfim chegou. Doía. Os pensamentos corriam soltos. Um aperto grande tomou conta daquele corpo cansado e corrido. O que fazer? A ansiedade era tamanha que se fosse possível saíria na noite fria, chuvosa, pra ver o que tanto enlouquecia. Seria capaz de esquecer os problemas de amanhã. Seria capaz de ser a menina, a mulher. Doce, amarga. Triste, alegre. Tímida, atirada. Séria, sorridente. Recatada, sensual. Tamanha era sua angustia que seus pensamentos se elevaram e penetraram-se em todos os momentos. Em todos acontecimentos que um dia a envolveram. Lágrimas já não caíra mais. Secara. E no mudo barulho da noite, abraçara bem forte o travesseiro e ficara agora com o medo do “nunca mais”.
Juliana Sabbatini

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A noite vem






A noite vem
Vem de mansinho
Com jeitinho
Vem surpreendente
Um dia fria
Um dia fresca
Um dia quente
Vem pra trazer
O melhor pra se amar
A noite vem
Num lugarzinho
Escondidinho e atraente
Os passarinhos se aninham tranquilamente
Como quem já sabe
O que a noite tem pra dar.

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quem dera.






Quem dera o vento soprar outra vez
Quem dera na areia da praia ver o caminhar sem dizer
Qualquer palavra que soe estranha
Sem pensar qualquer pensamento que leve pro amanhã
Quem dera o vento soprar forte pela janela
Quem dera a cortina de seda voar
E devagar tocar o corpo dela
Quem dera
Quem dera o pôr-do-sol daquele dia se repetir
Quem dera toda aquela paz voltar a ser
O momento em que a alma transcende o corpo
Quem dera os cabelos no infinito ficarem soltos
Na imensidão do paraíso
Construído e não menos pensado
Mas sonhado por quem espera
Quem dera

Juliana Sabbatini

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Velha infância.






Nasci e cresci no interior. Jeito de menina moleca. Jeito de menina quieta. Jeito de menina esperta. Jeito de menina simples. Pés descalços pela grama. Corpo solto através das montanhas. Que colhia limão pra fazer suco. Que sentava embaixo da mexeriqueira para chupar mexerica. Que soltava pipa com os meninos da rua. Que jogava bola com primos, irmão e amigos. Que brincava de castelo mal assombrado nas casas abandonadas. Que fugia sempre que os meninos escolhiam salada mista. Que não tinha sapatos coloridos. Nem roupas cor de rosa. Que nunca teve uma casa da Barbie. Mas uma casinha montada com xicrinhas, mesinha e comidinhas de barro. Que adorava o sol da tarde. Aquele alaranjado de outono, quando ficava sentada na sala enquanto a nona fazia o café, assoviando músicas de seu tempo. Menina que acordava com o canto dos passarinhos e dormia ouvindo o coachar ao longe dos sapinhos. Menina da educação antiga. Da que precisa ser forte pra lutar pela vida. Da família que batalha em função sempre do melhor. Que se cala e não grita quando sente dor. Que fazia peraltices. Que roubava a espingarda do avô e comprava chumbinho pra tentar derrubar os enchús de abelhas. Que trazia sempre algum animal perdido pra dentro de casa. Que andava de bicicleta pelas ruas de terra. Que conseguiu realizar a vontade de construir uma casa na árvore. Que montava o clube da luluzinha e arrumava briga com o clube dos bolinhas. Que dormia no mesmo quarto que o irmão e até altas madrugadas ficavam combinando brincadeiras pro dia seguinte. Que adorava brincar de polícia e ladrão. Que roubava todas as moedinhas que a nona deixava sobre a penteadeira e ia na venda comprar tubaína e salgadinho pra turma da rua. Que desenhava em tamanho família a caricatura de uma “figura” da vila, no meio da rua. Que escrevia bilhetinhos de carinho pra mãe e deixava sobre a cabeceira da cama algumas noites antes dela dormir.
Tempos de criança que só trazem saudades da minha velha infância.
Hoje tudo tão diferente. Tudo tão modificado. Interessante. Coerente. Sofisticado. Tinha tão pouco e era tão feliz.
Suponho que quanto menos, mais temos.
A simplicidade da vida, realmente não tem preço.

Juliana Sabbatini

sábado, 24 de abril de 2010

Votos.






Entre. Abaixe a luz. Descanse seus pensamentos
Não queira estar só
A noite está linda. Está tudo bem
Chegou a hora de você descansar esses olhos cansados
Aquiete-se. Está tudo bem
A noite está certa
Deixe seus medos lá fora
Entregue seus pensamentos agora
Deixe tudo pra trás
Está tudo bem
Que todos os anjos e heróis estejam com você
Sinta-se leve
Deite-se
Deixe suas apostas aqui
E que elas sejam tão importantes
Mais importantes que qualquer coisa
E , que uma canção leve soe aos ouvidos acalmando-te
Porque a noite está certa
É quieta, é silenciosa, é pra nos fazer bem
Esses votos. Ah! Esses votos, sempre giram em torno de mim
Eles são sempre mais fortes que qualquer outra coisa
Esquece o mundo e nos abraços das palavras
Fique aqui

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Louco.






É este que chega despido de qualquer limitação
Chega inteiro, sem cativeiro, completamente nú em nosso coração
Louco capaz de suportar situações inenarráveis
Louco que realiza loucuras incontáveis
Louca seria eu se tentasse raciociná-lo
Louca seria eu se tentasse explicá-lo
Na ludidez de quem se depara com este louco
Viaja pra outro mundo incapaz de revelá-lo em palavras
Ah! Louco que inunda toda alma e a deixa inconformada
Louco que invade o nosso corpo e nos deixa sufocados
Louco que nos mantém presos mesmo estando livres
Louco que nos dá prazer, mas também nos rasga inteiros
Louco que ri
Louco que chora
Louco que transborda através de nossos olhos
Louco que não tem cor, não tem regras e nem forma
Louco contagioso
Que chega devagar e nos deixa também loucos
Louco capaz de surpreeder, dar forças, dar calor
Louco que abriga e aconchega nosso coração
Só podia ser louco o verdadeiro e único amor.

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Simplicidade e timidez






Traduz o bom da vida quando o pé descalço sente o chão
Quando se olha o guarda roupas e só tem um vestido bom
Que cai e modula cada curva e acentua cada dom
Traduz o bom da vida quando a música é dos passarinhos
Quando a lua numa cidade escura é que clareia o caminho
Traduz o bom da vida quando se conversa no portão com vergonha de olhar nos olhos
E então substitui-se esse olhar mexendo com os botões da camisa do outro
Não usar perfume e mesmo assim a pele cheirar gostoso
Traduz o bom da vida quando o amor não é discursado
Não é pra ser falado e sim para ser feito
Quando há simplicidade no jeito de falar
No jeito de andar, no jeito de ser, sem achar que é defeito
Traduz o bom da vida quando se ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso
Quando se ama com a sofreguidão da alma e o corpo inteiro
Traduz o bom da vida quando o falar é mansinho
Ou melhor ainda, quando o falar é apenas com o olhar
Olhar flertante, de longe, que cumpre o que não foi expresso em palavras
Traduz o bom da vida construir com paciência
Um cantinho de aconchego, de mimos e sorrisos
Traduz o bom da vida, o jeitinho vergonhoso de expressar carinho na frente dos outros
E a liberdade, verdade e vontade de fazê-lo num lugarzinho escondido
Traduz o bom da vida, essa timidez que instiga desvendar o mistério
De não ter, não ser e não falar nada
E mesmo assim, ter, ser e expressar sempre tudo.

Juliana Sabbatini

terça-feira, 20 de abril de 2010

Cega.





Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver
Poder ao menos por um minuto ver a cor do céu
Ver o chão molhado, lavado pela chuva
O passarinho que pousa apressado no fio
Ver a as cores penetrando na pupila de forma profunda
O azul, amarelo e vermelho
Será que ainda são como eu imagino?
Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver
Poder ver cada detalhezinho tão pequeno
Aqueles que passam desapercebidos pelas pessoas
Ver o orvalho sobre a grama
Ver as borboletas sobre as plantas
Poder admirar as cores das flores
Olhar tão fixamente o arco-íris
Será que ele ainda é como aquele que guardo na lembrança?
Só queria que um feixe de luz, ainda que pequeno
Invadisse minha janela e iluminasse a parede da minha memória
Que ao cair da noite, minha pupila dilatasse
E eu pudesse admirar navamente o brilho intenso da lua
Eu só queria poder ver cada parte do meu corpo
Meu rosto refletido no espelho
Será que ele ainda continua como quando eu o vi pela última vez?
Ver os meus cabelos
Admirar meu próprio sorriso
Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver outra vez
Eu queria poder abrir meus olhos e olhar pro nada
Pra montanha, pro mar, uma cachoeira, uma estrada
Até dos por menores tenho saudades
Eu só queria poder ver de novo
Cada minuto, cada forma que eu observasse
Seria um motivo pra que eu cantasse
E me lembrasse do quão sublime é a visão
O quanto ela importa não apenas para se viver bem
Mas muito além disso é ela ser o farol que ilumina o coração

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Romântico.

Penso que no encanto de se encantar está o coração de quem vê o mundo diferente. Diferente do que essa ruidosa e tênue realidade nos apresenta. Os olhos já não são compostos de carnes e nervos. O coração já não pulsa através dos impulsos nervosos.

O olhar e a maneira terna de viver de quem é romântico transcende qualquer materialidade que todos podem tocar. Sofre a sua maneira, calado e quieto num quarto escuro. Sonha, imagina, flutua em seus sonhos.

Observa de longe o amor que tanto busca. Sorri ao vê-lo sorrindo. Se agrada e sofre por não tê-lo. Enxerga o sim e o não como uma coisa só. Busca na alma o que não encontra nas mãos.

Sofre o que enxerga e vive um mundo assim, pelo preconceito e o descaso de quem chora por alguém. De quem ainda que cansado, ressurge de tormentas de julgações, provocações e tantas coisas que machucam. O romântico vê calado. Vê de longe. Sonha com o impossível.

A arte de olhar através da sublime visão de quem ama e tenta chegar às estrelas, transforma suas vontades em palavras onde por elas consegue alcançar o inatingível. Ou, se finda numa arte única e especial como forma de se transbordar e encher o mundo com seu imenso turbilhão de sentimentos.

Juliana Sabbatini

domingo, 18 de abril de 2010

Alquimia da dor







O que a gente faz no momento da dor?
No momento do sofrimento?
Senta, chora, acha que tudo está acabado?
O que você faz com aquilo que você sofre?
Vira quadro? Vira música? Vira arte? Poesia?
Tranforma a sua dor?
O nosso sofrimento não pode ser em vão
A maioria das pessoas que fizeram diferença na vida
A maioria das pessoas que entraram na história
foram as pessoas que fizeram a alquimia da dor que sentiam
Olhe pras obras de Michelângelo, Leonardo DaVinci, Aleijadinho
Vá em Congonhas do Campo, vá ver as estátuas de profetas esculpidas em pedras de sabão
Aquele homem simplesmente não tinha as mãos. Um alejado, tudo torto nele.
Vá ouvir as obras. Vá ouvir as sinfonias de Bethowen
Você acha que aquilo nasceu de alguma alegria?
Mesmo depois de ter perdido a audição, mesmo surdo, ele continuou tocando piano, regendo orquestas e sobretudo compondo. Aliás suas maiores obras foram compostas quando ele estava parcialmente surdo. E, sua obra prima, a Nona Sinfonia "Coral" foi composta quando ele já estava totalmente surdo. Não podendo ouvir sua própria música.
A genialidade está justamente em transformar a lata em ouro
A genialidade acontece justamente quando acontece o contrário numa pessoa
Ao se deparar com algo que a faz sofrer, ela não se entrega a tristeza
Ela a partir da dor ganha força pra transformar tudo em coisas boas E úteis
Você pode modificar os fatos? Você consegue mudar o que te fez sofrer?
Mas você pode modificar você a partir daquilo que te fez sofrer.

Juliana Sabbatini

sábado, 17 de abril de 2010

Foco

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar.

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não sente-se e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta.Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama SUCESSO!!

Nizan Guanaes

quarta-feira, 14 de abril de 2010

...ouvindo Keane...

Que a paixão inesperada que despertou
Entre uma palavra e outra
Uma frase solta
Um sentimento bonito de uma poesia que nos tocou
Fique aqui registrada como cada momento que nos cuidou
Em cada silêncio que falou
Em cada olhar que se encontrou
Em cada sorriso que estendeu
O beijo mais bonito que ninguém viu
Que a paixão tão insistente que marcou
Entre querer um carinho
E não se sentir sozinho
Fique registrada em cada canção que fale de amor

Juliana Sabbatini

terça-feira, 23 de março de 2010

Se eu pudesse me transpor em carne e osso
além das palavras escritas
Se eu pudesse entre as letras levantar
sair da folha de um papel
ou, da tela de um computador
E tocar, e falar tanta coisa
Talvez pra mim, não houvesse paixão pela poesia

Juliana Sabbatini

quinta-feira, 18 de março de 2010

Saudades

E num susto quase que poético
vim te conhecer assim tão de repente
Tamanha simplicidade em cada brejeirice
Tamanha era a satisfação dos meus lábios contentes
Quanta poesia traz esse teu leito
Quanta calmaria me traz esse teu jeito
Estive em teu berço da arte do jeito sorrateiro
Nos campos, na serra, onde impera o minério de ferro
Te vi e senti no teu sangue um dom verdadeiro
De cantar, de pintar, escrever pro Brasil inteiro
Nessa vida calma nas vilas serenas
Quero voltar dentre seus campos em flor
Ser ela dentre enormes cachoeiras, a pequena
Ser aquela que lhe demonstra tanto amor
Correr livre como os pássaros te sobrevoam
Sentir tocar em meu corpo teu perfume de novo
Sem sapatos tocar o teu chão
Respirar o cheiro da terra molhada
Sentir pulsar bem forte novamente o coração
Estar caminhando e suspirando pelas suas estradas
Meu caminho sem jeito
Quer brotar nessa fonte
Nessas minas de ouro
Nas montanhas gerais
Quero ser filha dos montes
Das estradas reais
Quero estar mais perto novamente
Quero estar em ti, Minas Gerais

Juliana Sabbatini

sexta-feira, 12 de março de 2010

Encontro

Ansiava a volta pra casa. Tinha um encontro marcado. Daqueles que todo mundo precisa ter um dia. Que te tira da rotina. Que mexe com você inteira. Que ilumina seu caminho. Que faz valer tudo novamente. Esperou a hora passar e quando o sinal verde acenou no farol, partiu em direção ao começo de um momento ímpar. Parou no supermercado, comprou o vinho que mais gostava. Se engraçou com alguns pestiscos e uns docinhos pra encrementar a vida. E foi. Entrou no elevador, comprimentou seus vizinhos com um sorriso. Chaves na porta, estava em casa. Colocou o vinho pra gelar. Ligou o som no seu CD preferido. Arrumou a mesa do gosto mais simples e mais delicado que achava. Deixou meia luz. Com pequenas florzinhas sobre a mesa. Violetas. Caminhou em direção ao quarto, tomou um banho eterno. Daqueles que você lava a alma. Perfumou-se. Agradou suas mãos com o cheirinho que ficara dentre tanto tempo sobre a sua pele. Secou os cabelos. Prendeu. Procurou o vestido. Aquele simples e bonito. Algodão. Calçou uma sandália e foi até a sala. O interfone tocou. A comida tinha chegado. Olhou para o relógio e percebeu que o tempo passava muito depressa. Sentou-se a mesa ao som de um de suas músicas preferidas e comeu. Saboreou a comida como jamais havia saboreado. Foi ao armário. Deu vontade de olhar algumas fotos. Sentou-se no chão da sala e ali viajou. Sentiu saudades dos amigos que há tanto tempo não via. Riu. Riu muito sozinha com as histórias que ficara guardada entre sete chaves dentro dela. As piadas. Os apelidos. A criancice. A meninice. As artes. Os puxões de orelha. As músicas do tempo. Tudo passando em instantes. Algumas, ela olhava com os olhos intactos. Como se o tempo tivesse parado ali pra sempre. Até que eles inundaram-se de água. Guardou. Guardou tudo e desligou o som. O telefone tocou. Conversou um bom tempo. Soube de novidades. Se alegrou. Foi à janela. Olhou a noite. O céu estava lindo. Noite fresca e límpida. Parecia outono. A estação que mais estima. A lua brilhava como um farol na noite. Sentiu um ventinho gelado, fechou os olhos por uns instantes e voltou. Escovou os dentes. Se olhou. Apagou a luz da sala. Puxou o edredom. Ajeitou o travesseiro. Aninhou-se em seu abraço. Ligou a TV e adormeceu vendo o seu filme favorito.

Às vezes no silêncio de uma casa vazia, nada melhor que nos abrigarmos em nossa própria companhia :)

Juliana Sabbatini

Música gostosinha de ouvir: "MARGARIDA" - http://www.youtube.com/watch?v=XJlrkJM8ONE