quarta-feira, 21 de abril de 2010

Simplicidade e timidez






Traduz o bom da vida quando o pé descalço sente o chão
Quando se olha o guarda roupas e só tem um vestido bom
Que cai e modula cada curva e acentua cada dom
Traduz o bom da vida quando a música é dos passarinhos
Quando a lua numa cidade escura é que clareia o caminho
Traduz o bom da vida quando se conversa no portão com vergonha de olhar nos olhos
E então substitui-se esse olhar mexendo com os botões da camisa do outro
Não usar perfume e mesmo assim a pele cheirar gostoso
Traduz o bom da vida quando o amor não é discursado
Não é pra ser falado e sim para ser feito
Quando há simplicidade no jeito de falar
No jeito de andar, no jeito de ser, sem achar que é defeito
Traduz o bom da vida quando se ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso
Quando se ama com a sofreguidão da alma e o corpo inteiro
Traduz o bom da vida quando o falar é mansinho
Ou melhor ainda, quando o falar é apenas com o olhar
Olhar flertante, de longe, que cumpre o que não foi expresso em palavras
Traduz o bom da vida construir com paciência
Um cantinho de aconchego, de mimos e sorrisos
Traduz o bom da vida, o jeitinho vergonhoso de expressar carinho na frente dos outros
E a liberdade, verdade e vontade de fazê-lo num lugarzinho escondido
Traduz o bom da vida, essa timidez que instiga desvendar o mistério
De não ter, não ser e não falar nada
E mesmo assim, ter, ser e expressar sempre tudo.

Juliana Sabbatini

Um comentário:

Cá disse...

A sua cara!!! rsrsrsrs...

Precisamos fazer um jantar com as meninas e botar o papo em dia!

Saudades...