domingo, 17 de julho de 2011

Domingo.


Como num passe de mágica
A lua cheia de ontem se foi
E um sol radiante hoje chegou
Clareou e espalhou seu brilho dourado
Deu pra ouvir o barulho dos pássaros
O chuá da cachoeira
O cheirinho gostoso do mato
Os pés ainda descalços não quiseram parar
Não quiseram esperar
Para dali sair correndo
Ver as flores desabrochar
Ver as crianças pelas ruas brincando
As tantas pessoas bonitas pelas ruas passando
As pipas coloridas como brincos pelo céu
As senhorinhas rezando nas igrejas com seus véus
O domingo hoje aqui é tão bonito
Ao meio dia pode-se ouvir em todo o canto
O chorar do grande e dourado sino
E, avistar o cachorro ao lado do menino maltrapilho
As bicicletas e seus barulhos do vai e vem
A mãe com toda calma cuidando do choro de neném
As ruas de pedras deixam rústico o chão
As rosas do vendedor da esquina mostram
Todo o carisma, romantismo e amor
O domingo aqui está tão calmo e bonito
E, eu sigo tranquila à encontrar um grande amigo.

Juliana Sabbatini

domingo, 10 de julho de 2011

Não pensei.


Eu escrevia e escrevia o ano inteiro
Naquelas linhas traçadas estavam todos meus sentimentos
Era tudo o que eu queria
Deixar escrito em cada linha
Tudo tudo aquilo que eu senti
E, passou dias em vão
E ele então de repente chegou
Eu sorri, dentre as palavras eu sorri
Não pensei que um dia
Um novo amor surgiria pra mim
Passei então a amá-lo por inteiro
Derramei a ele todos os meus sentimentos
Em versos e fotografias mostrei tudo o que eu sentia
Ele era tudo o que eu queria
E ele jurou não se afastar de mim
E, passou dias e dias inverno e verão
E ele então se afastou
Eu chorei, de saudades eu chorei
Não pensei que mentia
O cavalheiro que eu tanto amei
Juro que não pensei que mentia
O cavalheiro que eu tanto amei

Juliana Sabbatini

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O teu cantar.


Ah! Cartola
Deveras tu o pioneiro dos cantos
O mensageiro dos teus prantos
Quando em nosso ouvido viestes acariciar
Deveras o primeiro e o último
A expressar palavras de verdadeiro luto
De um alguém que soubestes amar
Pudera no mundo inteiro
Não haver mais prisioneiros
De um amor assim se naufragar
Contudo, querido guerreiro
Ao teu lado nos fazemos também primeiro
Ao acompanharmos juntos o teu cantar

Juliana Sabbatini

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dry Martini.

Era mais uma noite como todas as outras. Sábado. Céu estrelado. Apenas algumas nuvens insistia em encobrir a lua. Janela aberta e vento soprando pela sala. Um copo entre as mãos e alguns pensamentos certamente a cercavam. Não se sabe e ninguém pode adivinhar o que seria ao certo. Aprendeu com a vida a ser discreta. Até demais. Misteriosa seria a palavra certa.



De repente roupas tiradas do cabide. Perfumes. Maquiagem. Banho tomado de toalha enrolada em seu corpo e cabelos presos ela ia delineando seus olhos aos poucos. Vez ou outra parava e se olhava como quem pensava em desistir. Mas, novamente tornava a se maquiar. Passando a sombra, rímel, blush...


Havia uma música ao fundo. Talvez fosse especial para ela. O ritmo era bonito. Era dançante, romântico, sensual, mas ao mesmo tempo triste.
Sem o relógio se dar conta ela estava sentada na sala praticamente pronta, apenas colocando belos sapatos pretos de salto alto. Estava linda. Soltou os cabelos. Borrifou um pouco de perfume. Apanhou sua bolsa e apenas suas chaves – a de seu apartamento, seu carro e saiu.


A noite era um silêncio para todos que nela se aconchegaram. Mas, para ela... Para ela que percorria pelas ruas dentro de seu carro com vidros fechados e algumas gotas de chuva fina que caía lá fora embaçando e desenhando imagens através dos vidros... Para ela, a noite fazia um barulho. Um barulho que não a deixava encostar a cabeça no travesseiro e então pintar nos pensamentos sonhos que a levassem para bem longe da hora, do dia, do momento.


Seu olhar era lindo. Olhos grandes e claros. Contornados com o lápis preto que delineava perfeitamente o desenho amendoado. Tinha um brilho. Brilho esse que refletia as cores dos faróis. Brilho de encantamento, mas ao mesmo tempo um brilho triste. Um ar meio distante. Como se estivessem ali passando aquela beleza e ao mesmo tempo submetendo à uma cena que despertava o interesse e a curiosidade de quem com ela se deparasse.


Não demorou muito para estar frente àquele lugar. Frente a luzes piscantes e coloridas. Pessoas sorrindo e bonitas. Música, dança, bancos, bebidas... O típico lugar que pessoas marcam para se divertir com os amigos. Pra relaxar e esquecer de todos os problemas e correrias durante a semana.


Dry Martini. Foi o que ela pediu ao chegar no balcão. Pessoas bonitas e atraentes chegavam para conversar. Com um sorriso simpático ela as recebia e conversava com tamanha educação.



Não demorava muito para que essas pessoas se intrigassem e se envolvessem com o mistério que ela trazia naquele olhar.


Era alguma coisa diferente. Como alguém que traz algo muito profundo. Algo que chama, que seduz, que mexe, que encanta simplesmente pela tamanha curiosidade em descobrir alguma imagem. Alguma imagem que poderia se refletir através dos olhos, que certamente ela carregava em seus pensamentos. Mas, era impossível.


As horas se passaram sem que ninguém se desse conta. Mas, para ela parecia que tinha passado anos. Alguns drinks a mais, ela tão sutil, tão leve, tão simples, elegantemente se despediu de alguns amigos. Olhou fixamente para frente como quem quisesse estar lá sem mesmo precisar caminhar. E, foi vagarosamente caminhando entre as pessoas no meio do salão.
Cabelos compridos e escuros... Corpo curvilíneo... Vestido que a deixava ainda mais indecifrável.



Ia a passos largos chegando à porta de saída. As luzes que em seu rosto refletia, a deixava ainda mais nobre. Mais bonita. Como se fossem máscaras em dias de carnaval. Como se fossem pinturas estampadas numa escultura tão delicada e ao mesmo tempo tão rústica. Tão atrativa. Tão persuasiva.


A música continuara a tocar. As pessoas continuaram a dançar. Bebidas não pararam de serem servidas. E ele lá no cantinho não parava de pensar naquela mulher. Naquela menina.


Tantas noites vem à esse lugar. Se arruma. Se pinta. Sempre a mesma bebida. Se senta sozinha e ali fica. Como se estivesse tão longe e ao mesmo tempo sorrindo e conversando tão cheia de vida.


Sua imagem seduz e alimenta tantos pensamentos. Mas nunca ninguém conseguiu perguntar, descobrir seu mistério nem se quer por um único momento.

Juliana Sabbatini

terça-feira, 19 de abril de 2011

Obra de arte.


De repente me pego olhando pra aquele quadro. Aquele que a muito tempo venho trazendo comigo. Quadro que cada traço diz alguma coisa sobre a minha vida. Cores que potencializam momentos vividos. Passagens de anos ali estampados. Excessos carregados, que hoje já não valem tanto quanto em tempos atrás. Lembranças, sentimentos, momentos que me hipnotizam e não me dão liberdade de apreciar mais a obra de arte que ali deveria ser admirada.
É tempo de mudança. É tempo de despejar as novas tintas. Fazer uso das novas ferramentas. Novas idéias, nova arte. É tempo de segurar firme nos pincéis da vida e recomeçar um quadro novo.
É hora de pintar um novo fundo. Tinta branca. Como uma folha em branco. E, ir pincelando novos traços, novas formas, novas cores, um novo espaço.
É momento de olhar pra dentro e expressar lá fora, com a sensibilidade de quem se ama. De que precisa de um recomeço.
A vida é essa arte de podermos repaginá-la. De termos a liberdade de deixá-la nas cores que queremos a cada vez que necessitamos de uma pintura nova.

Juliana Sabbatini

segunda-feira, 14 de março de 2011

Outono.


As folhas secas então caem
O sol bonito no céu brilha
Lembranças de outono não saem
Pensamentos que ficam na cabeça
As minhas mãos se entrelaçam
Sentada fico no banco da praça
Crianças e cachorros alegres brincam
Enquanto o sol de outono na tarde se finda
O meu sorriso agora é tímido
Como a estação que agora me ronda
Meu corpo intenso sozinho grita
Ouvindo a melodia que me encanta no outono
O meu olhar já se fez feliz
Pelas ruas andar sem saber onde ir
Caminhando sozinha cantando eu vou
Lembrando momentos que marcaram meu amor

Juliana Sabbatini

quarta-feira, 9 de março de 2011

Nostalgia.


Ah! Que saudades eu tenho da minha infância
Dos pés descalços brincando de bola
Das vozes finas e risos exagerados
Das histórias e sonhos imaginados
Ah! Como sinto falta da minha infância
Época mais linda que marcou a minha vida
Da ingenuidade de acreditar no mundo
Do jeitinho simples de menina
Ah! Que saudades das tantas brincadeiras
Esconde-esconde, pega-pega, cobra cega
Amarelinha, soltar pipa, polícia e ladrão
Salada mista e o tão sonhado beijo no primeiro amor
Ah! Quão bons eram aqueles tempos
Correr de cabelos soltos girando o cata-vento
Os animais que encontrava pelo caminho
Levar pra casa em pequenos caixotes
E dar, dar e dar muito carinho
Ah! De olhos fechados posso sentir tudo isso
Até o perfume das damas da noite
A multidão dos vagalumes
Quanta coisa bonita se vive na infância
Por isso quero sempre manter dentro de mim uma criança
Um gostinho a mais que dá um tempero sobre essa vida
Que me inunda e me faz exalar tanta e tanta nostalgia.

Juliana Sabbatini