terça-feira, 20 de abril de 2010

Cega.





Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver
Poder ao menos por um minuto ver a cor do céu
Ver o chão molhado, lavado pela chuva
O passarinho que pousa apressado no fio
Ver a as cores penetrando na pupila de forma profunda
O azul, amarelo e vermelho
Será que ainda são como eu imagino?
Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver
Poder ver cada detalhezinho tão pequeno
Aqueles que passam desapercebidos pelas pessoas
Ver o orvalho sobre a grama
Ver as borboletas sobre as plantas
Poder admirar as cores das flores
Olhar tão fixamente o arco-íris
Será que ele ainda é como aquele que guardo na lembrança?
Só queria que um feixe de luz, ainda que pequeno
Invadisse minha janela e iluminasse a parede da minha memória
Que ao cair da noite, minha pupila dilatasse
E eu pudesse admirar navamente o brilho intenso da lua
Eu só queria poder ver cada parte do meu corpo
Meu rosto refletido no espelho
Será que ele ainda continua como quando eu o vi pela última vez?
Ver os meus cabelos
Admirar meu próprio sorriso
Eu só queria poder abrir meus olhos e poder ver outra vez
Eu queria poder abrir meus olhos e olhar pro nada
Pra montanha, pro mar, uma cachoeira, uma estrada
Até dos por menores tenho saudades
Eu só queria poder ver de novo
Cada minuto, cada forma que eu observasse
Seria um motivo pra que eu cantasse
E me lembrasse do quão sublime é a visão
O quanto ela importa não apenas para se viver bem
Mas muito além disso é ela ser o farol que ilumina o coração

Juliana Sabbatini

Um comentário:

Cá disse...

Cega? Metáfora MTOO bem bolada. Adorei! :)