Casta lua branca envolvente no céu de inverno
Crescente acenando um outro dia que vai chegando
Sem nuvens, sem relampejos
Vejo o céu eloquente nu, como o corpo que desejo
Como uma voz suave baixinho me dizendo
Tudo, tudo o que almejo
Sem mesmo eu dizer qualquer palavra
Adivinhar cada jogada
Cada olhada, cada parada, cada tomar de fôlego
A chegada da primavera é quando entrelaçam-se os ninhos
Quando se afinam e explodem os carinhos
De dengos, beijos e abraços
De elogios, olhares e amassos
De dois corpos que se amam e se encaixam
Entre duas almas onde não já não cabe mais nada
De lembranças infantis e passadas
De um tempo em que não se sabia de quase nada
De como expressar-se, como dizer cada palavra
Tempo esse que hoje gira
Relógio sem retorno que corre aos poucos
Lembram hoje com as folhas pelo chão
Os tempos de outono
Sol vermelho no céu morrendo
Noite infinita no paraíso se firmando
E ali no meio do nada duas bocas se beijando
A natureza é a pureza que a envolve
Nas águas, na grama, no dia e na noite
Ao ar livre se descobre
Devagarzinho cada sentido, cada toque
Reconhecendo dentro do olhar
O que a alma está em silêncio querendo expressar
Juliana Sabbatini
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