quarta-feira, 24 de junho de 2009

Aqui


Ao longe ouço o canto dos pássaros festejando
No regalo da tarde que encobre o manto verde que me ajeita
Com os olhos ao infinito me elevo nos sonhos
No sereno da paz, do orvalho que me aceita
Há uma estrada que me leva, que me marca na fazenda
É onde me leva a uma vida inteira
Cada cantinho, cada história
Estão marcados na memória
Que pra sempre vão ficar
Há o fogo que me aquece, me embala sem respostas
Simplesmente me protege das vozes
Das tristezas que queiram me afrontar
Há a casinha que mora no fundo tão distante
Não é colorida, não é elegante
Mas tem o aconchego onde muitos queriam morar
Há uma paz que rodeia de graça pelos ventos
Não há relógios, não há tempo
Para que possamos do amor desfrutar
Há um chão que cheira mato, cheira terra
Quando a chuva cai e a molha inteira
Nos permitindo então sonhar
Há uma rede tão grande e quente na varanda
Um violão que as mãos encenam
Uma canção de amor para conquistar
Aqui onde pisamos em vales de tantas flores
Cachoeiras que nos libertam de tantas dores
E o vento forte que nos faz levitar
Aqui onde nos nossos olhos se reflete a esperança
Onde nos ouvidos soam a bonança
De um mundo simples e tão puro de se morar
Aqui onde o perfume dos cabelos se misturam com o das flores
Onde uma alma ganha mais vida
Onde persistem os grandes amores
As tempestades que marcam e que causam tanto medo
Não se comparam com o segredo
De um dia novo de sol a brilhar
A campina que se avista tão vasta no horizonte
Não se troca nem por um instante
Pelo prazer de nela poder correr e brincar
Um olhar que às vezes olha tão triste sobre a montanha
É o reflexo de uma alma
Que às vezes tão só caminha e ganha
Presentes da natureza sem esperar
É a janela que contrasta com algum sorriso ofegante
De quando alguém surpreendente
A olha de longe a sonhar
Aqui onde da terra sentem-se todos os sabores
Onde a colheita alegra as mãos dos fortes senhores
Que o dia inteiro passam a cantar
Aqui onde brilham forte a transparência das lagoas
Reflexo da personalidade das pessoas
Que por aqui vivem a caminhar
Aqui onde uma voz macia grita seus grandes sonhos
Que voam tão longe pelos fortes ventos
E que como as ondas sempre voltam no seu lugar
Nos passos, nas vestes e nos arredores
Percebemos que este é o lugar
Onde existe tudo o que precisamos
A paz, o amor, a simplicidade para amar
No olhar, no sorriso em cada gesto
Percebemos no mesmo instante
Algo forte, delicado e primoroso a se cuidar
Há uma calma que exala que marca o visitante
Um aconchego exuberante
Onde em nenhum outro lugar poderá se econtrar.

ps.: Inspiração que surgiu vendo algumas cenas da novela Paraíso.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Um olhar que às vezes olha tão triste sobre a montanha
É o reflexo de uma alma"...texto excelente...retomando Jú?!?...rs.
Parabéns.
Bjo.