terça-feira, 16 de junho de 2009

Pérola



De repente descubro-me como uma pérola das águas da vida. Fruto de um corpo estranho e invasivo que então me formou. Posso ser a alegria, a exuberância e até mesmo a cura para uma dor. No entanto, mantenho-me no silêncio das profundezas desse vasto mar. Minha casa é uma concha dura e grosseira, porque na verdade, dentro dela, há algo muito sensível pra poder sem ela ficar. Por isso, protejo-me. Permaneço aqui dentro escondida, às vezes com medo de arriscar. Abstendo-me das correntezas que pra longe queiram me levar. Das turbulências oceânicas. Da voracidade dos peixes e das substâncias do mar.
Refugio-me aqui dentro, lá no fundo, bem lá no fundo, enquanto tudo é perigoso lá fora; Mesmo sabendo que um dia serei descoberta; Serei retirada, lapidada pelas mãos de quem um dia me buscara.
O que me resta, portanto, é apenas esperar refletir todo o meu brilho e toda a minha plenitude aos olhos daquele que me querer como uma jóia. Daquele que souber preservar toda a pequenez de uma pedra rara. Porque a ele assim serei – como uma pequena e imutável, pérola.

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