sábado, 17 de abril de 2010

Foco

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar.

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não sente-se e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta.Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama SUCESSO!!

Nizan Guanaes

3 comentários:

Mariana Marques disse...

nsacional! Esse cara realmente sabe o que fala! Um dos grandes publicitários do Brasil, um ótimo escritor, um sábio nas palavras!

Realmente o trabalho é um bem, algo que preenche nosso tempo, nos faz conhecer muitas pessoas e as vezes até lugares diferentes, nos faz aprender a lidar com o esperado e o inesperado, nos ensina a conviver com seres humanos muito diferentes de nós, nos dá lições de auto-controle. Quando se trabalha com o que se gosta então, é uma benção, uma das melhores coisas da vida!

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Hei! Imagino que também não se trate de uma apologia ao antissemitismo, do mesmo modo como não se trata de uma apologia à pobreza, certo? hehehe

O que dizer sobre o trabalho? Bem, eu trabalho, e não gosto de trabalhar. Mas vou lá, todo dia, ganhar com o suor do meu rosto o pão que comerei. É bom, no fim do mês, tirando o fato de que, no mais das vezes, sinto que não é pra mim que trabalho... nem sequer sei para quem é, pois não tenho patrão, apenas supervisores (é uma fábrica de carne de aves para exportação, a Sadia). Fora isso, tudo bem.

Bom o teu blogue, e tens idéias muito esclarecidas. Se Deus quiser, volto mais vezes.

Bom fim de semana. Até mais.

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

PS.:
O Japão é sim um país desenvolvido e as pessoas são muito mais sérias e dedicadas que as daqui, pois a sociedade é diferente. Mas, também tem seus defeitos, como o rigor da mentalidade local. Há milhões de jovens que vivem trancados dentro do quarto, ou que são aficcionados em tirar notas excelentes para não decepcionar os pais. Não é à toa que a tensão leva muita gente ali a buscar o suicídio. Os brasileiros que lá vão, na maioria descendentes de japoneses ou com eles casados, não pensam em lá ficar, e sim em juntar uma grana para cá voltar, pois somos mais extrovertidos, temos mais calor humano em muitos aspéctos.
Porém, nós daqui do Brasil teríamos de buscar em nós mesmos as raízes de nosso fracasso como nação (relativo à outras nações). Se por um lado temos muita energia e criatividade, por outro talvez não estamos a usá-las da melhor forma possível. Acho que este é um ponto a se focar mais.