quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Parte de mim que não consigo deixar

Mais uma tarde, mais uma noite chegando
e, tudo o que eu preciso é de um novo dia
pra começar uma nova história
ou, continuar a que eu vivia
Estou entre prédios e barulhos
mas ainda mantenho dentro de mim
o cheiro da mata verde e o canto dos pássaros
Estou entre comidas prontas e rápidas
mas ainda sinto o cheiro do feijão com arroz da minha casa
Já não ouço mais algumas músicas que falam minha língua
e mesmo assim ainda sinto a melodia da música caipira
Vivo onde o amor é algo prático
Mas ainda exalo de dentro de mim o amor romântico
Vivo a fantasia e sedução num romance
Mas ainda permeio dentro de mim a doçura e pureza mais vibrante
Penso num amor forte, intenso e livre
Mas também sinto o amor frágil, doce e delicado
Ando pelas ruas fechada dentro de um carro
Mas minhas pernas ainda possuem rastros de quando caminhava a pé
Meus olhos agora enxergam tudo muito sem precisão
Mas bem dentro deles estão estampadas cenas que marcaram meu coração
Hoje quase já não vejo mais a chuva em sua extensão caindo do céu
E mesmo assim, ainda sinto toda a fragrância dela lavando a estrada de terra
Muitas vezes não consigo enxergar o sol
E ainda continuo com a imagem dele iluminando as tardes de uma casa simples no interior
Ouço as palavras bem faladas com todas as letras
e sinto saudade do "r" puxado do meu avô
Caminho em mercados exuberantes
Mas dentro de mim, caminho apenas por uma vendinha
Cumprimento as pessoas no elevador
E sinto falta das coisas simples, do bom dia dado com amor
Me olho no espelho e me vejo uma mulher
Mas dentro, a menina "sapeca" não consigo deixar morrer
Ouço hoje várias buzinas irritantes
Mas dentre elas ouço aquela que me chamava todas as tardes (o sorveteiro com geladinhos)
Fico deslumbrada com a variedades e roupas e sapatos
Mas ainda me lembro do vestidinho que guardava com todo cuidado no armário
Ao meu lado rodeiam cachorros de raça e deslumbrantes
E me lembro sempre do viralatinha que me defendia de todos os perigos
Estou vivendo a transição do interior pra cidade grande
Embora já faça um bom tempo
Posso então dizer que sou uma "moderninha" por fora,
e por dentro ainda carrego a "menina do interior" como coadjunvante.
É uma parte de mim que não consigo deixar
Às vezes ela insiste em ir
Outras ela me lembra de quer ficar
Insiste em me falar das coisas simples
pra que outras coisas não me ceguem me impedindo de Amar
Preciso dela aqui sempre
Quando conheço outros lugares
Quando começo a vivenciar um outro futuro
É ela quem me faz lembrar
De tudo o que eu passei pra estar aqui vivendo este mundo.

2 comentários:

Léia disse...

Que lindo!

Ainda bem que você ainda mantém a "menina do interior" dentro de você. É sinal que mesmo você crescendo, indo a qualquer lugar, você não esquece de onde veio. De quem lhe ajudou pra estar onde está e onde vai estar.
É muito bonito isso. Esse sentimento de reconhecimento e sentido de uma forma tão doce, como saudades de tudo isso que vc descreveu.
Jú, não perca todo esse sentimento dentro de vc. Essa simplicidade. Embora "moderninha" por fora, como vc disse, a gente percebe que dentro de vc mora (não uma "menina caipira"), mas uma pessoa maravilhosa, simples e honesta. E só com o tempo é que vamos descobrindo isso em vc. O que eu acho fantástico nos dias de hoje.

Continue assim que vc vai longe :)

Beijos, querida.

Anônimo disse...

lindas palavras...