quarta-feira, 20 de maio de 2009

Além do que se é

Às vezes paro pra pensar e me pego presa na pergunta: Porque é tão difícil sermos transparentes?
Ser transparente não é só você simplesmente dizer uma verdade, ser sincera em algumas horas, rir quando tem vontade.
Ser transparente é você desnudar a sua alma. Se derramar por inteiro. Não viver de máscaras. Chorar quando se sente triste. Falar quando sente medo. Declarar o sentimento que dentro de si existe.
Mas quem é que gosta de se expor dessa maneira?
Vivemos num mundo em que, se agirmos dessa forma, seremos taxados de fracos, de sensíveis demais, carentes, entre tantos outros rótulos ridículos que funcionam como um “sufocamento da alma”, não nos deixando ser quem somos. Sermos livres.
Preferimos uma lágrima contida. Aquele nó na garganta. O silêncio da dúvida, que nos corroem e nos destrói como ferrugem.
Preferimos a forma grosseira de tratar uma pessoa. De dizer palavras curtas. De não olhar nos olhos.
Preferimos a dureza da alma a revelar toda a nossa fragilidade humana.
Preferimos não responder algumas perguntas e desviarmos o assunto.
Não queremos em hipótese alguma expor nossos sentimentos.
E tudo isso, não porque sejamos pessoas mentirosas, ou pessoas de coração “frio”. Mas por puro medo de ser uma pessoa transparente.
Medo de se envergonhar de si mesmo. Medo de se mostrar frágil.
Contudo, o risco de nos tornarmos um ser humano dessa índole, é não abrirmos mais espaços para sentimentos puros. Não darmos vazão ao que realmente sentimos. E nos perdermos dentro de nós mesmos em todos esses medos que nos bloqueiam. E dessa forma, levarmos uma vida “cinzenta”. E, com o passar do tempo, vamos percebendo que já não saberemos mais saber ouvir uma pessoa. Não saberemos mais oferecer compreensão, doçura, compaixão. E o individualismo nos pregará seu astuto plano de nos mantermos sombrios. Nos pegando em falsas palavras, falsos sentimentos, falsas atitudes, e tudo sem querer. Pelo simples medo...
... de sermos que a gente é.
... de que todos nós sofremos muito e choramos no travesseiro bem baixinho antes de dormir.
... que todos temos dúvidas e receios os quais tememos nos sucumbir.
... que todos nós, nos sentimos sozinhos e temos saudades do nosso próprio “eu”.
... que todos temos medo de amar. De sofrer. De se declarar.
... que somos sim todos carentes.
... que várias vezes nos pegamos em pensamentos que nos afligem, que gritam, que fazem-nos chorar escondido.
... de tudo aquilo que pulsa intensamente dentro de nós e não temos coragem de dizer, de mostrar a quem mais amamos.

É preciso que deixemos cair esse grosso muro com que nos “protegemos”, vivemos escondidos e deixarmos que toda nossa doçura, alegria, aflore de dentro de nós.

Que todos possam não conter suas gargalhadas. Seus pensamentos. Não esconder todo o medo. Não desejar ser tão intacto, seguro, invencível. Que não precisemos de tantas respostas prontas, de tantas competições, controlar tudo... Mas sim que aprendamos a nos dedicar mais a vida. De forma leve. De forma divertida. Sem medo de nos machucar. Sem medo de mostrarmos a nossa alma e assim sermos além do que se é. Transparente.

2 comentários:

Mariana Marques disse...

Amazing!!
Transporte do papel para sua vida! A teoria vc tem na ponta da língua... pratique! =]

Cocozinhooo do meu viver, vc some, não dá noticias.... faz isso não, poxa =/

Juliana Sabbatini disse...

Graziee!
Teoria já transportada e praticada na minha vida! hahaha... Por isso a escrevi! =P

Não sumo não!