terça-feira, 22 de setembro de 2009

Carta

(sem dúvida a música Father and son - Cat Stevens, esteve tocando ao fundo enquanto eu escrevia)

Eu preciso ir com calma, eu sei
Mas são tantas coisas que eu ainda quero fazer
Tantos sonhos que preciso conquistar
Eu sou nova ainda, eu sei
Mas é que às vezes parece que não vai dar tempo
De caminhar à tarde nas praias que eu nunca fui
De comer todas as comidas que nunca comi
De conhecer os lugares que eu sempre quis
De aproveitar todas as coisas lindas com quem sempre sonhei
E isso não é apenas entusiasmo de uma pessoa jovem
Meu rosto ainda é de menina
Mas meus sonhos e desejos são de mulher
Eu quero viver para que tudo eu sinta
Quero seguir por um caminho qualquer
Eu preciso ter paciência, eu sei
Mas é que a vida é tão curta para ser deixada de lado
Não falo de sair por aí e bancar a louca sem ter pensado
Eu só quero lutar pra conseguir alcançar os meus sonhos
Eu só quero poder sair e viajar pra conhecer o mundo
Eu só quero ter um único amor
Eu sei que você agora pode me falar que certas coisas não existem
Mas é que eu ainda acredito na felicidade
Cada um tem a sua forma de viver
Nós somos do tamanho dos nossos sonhos
E, eu não quero botar eles a perder
É, eu sei
Eu preciso ir com calma
Dar um passo de cada vez e olhar bem a minha volta
Eu sei quando você me orienta sobre a prudência
Eu sei quando você diz que eu devo guardar o meu dinheiro
Como é importante eu ter minha segurança própria
E que lá na frente, quando eu tiver a minha família, terei de ser forte
Que eu devo ser uma mulher, não demasiadamente justa, nem 100% santa, mas o suficientemente correta para encontrar os meus caminhos sem magoar ninguém.
Eu sei que nada que, de fato tem valor, não vem de graça
Que nada, que realmente irá durar um tempo longo, chegará rápido demais
Eu presto atenção quando você me olha
Quando você pega em minhas mãos e me dá força
Hoje eu sei quando um dia você me disse que amar iria doer e eu não entendia, ou achava que entendia
Hoje você me vê chorando quietinha e a gente até dá risada depois
Agora eu entendo
Hoje você me diz, com certeza, que o amadurecimento de uma pessoa, realmente não é contado pelos números de aniversários que a gente faz. Mas, pelas experiências que vivemos.
Eu tenho orgulho de tê-las vivido e de ser hoje quem sou.
É verdade. Através da dor a gente cresce. Hoje sou diferente.
Eu sei que tudo o que você me fala é pro meu bem
Que eu devo guardar a sete chaves e nunca me esquecer
Eu preciso ir com calma, eu sei
O mundo lá fora é louco, cruel
Mas eu preciso voar e voltar pra te mostrar como eu consegui
Como você me ensinou direitinho e hoje estou aqui
Pra que possamos aproveitar agora os meus conselhos
Contar as minhas histórias loucas
Dar risada de cada “fora” sem querer, que não foram poucos (risos)
Um dia você me disse que o amor na Terra, estava esfriando
E, por isso era pra eu tomar cuidado
Mas, esse ainda é a base que sustenta os meus sonhos
Ainda acredito nele. Num amor verdadeiro
Senão até mesmo você hoje não estaria do meu lado.
Eu tenho que ir com calma, eu sei
Mas quero viver tudo que esperei e tudo sem nem ter sonhado.
Peço que não se preocupe comigo, porque vou ficar bem
Os valores, os conselhos, levo sempre em meus pensamentos
Pois quero honrar-te também.

Filha

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quando a ficha cai

Despertador tocando. Mais um dia. Mais um longo dia a ser vivido. Às vezes podemos ser até mesmo comparado aos presos. Não vivemos. Contamos os dias. Deixamos de lado tanta coisa. Nos pegamos presos ao tic tac do relógio. Do soar do cuco. Da posição do sol.
Já não olhamos mais pro alto. Não observamos as aves. Não agradecemos por mais um dia maravilhoso que está começando. Pela saúde e a esperança de poder começar, recomeçar tudo de novo.
E vamos indo. Não queremos saber de nada. Muitas vezes só ganhar dinheiro e satisfazer o nosso ego. Às vezes nos tornamos radicais e literalmente nos incorporamos junto ao egoísmo, individualismo, em que o outro passa despercebido. Achamos que as pessoas não têm valor e que todas se tornaram frias.
É o infeliz tempo moderno que nos cega de uma tal forma, que nem mesmo olhar no espelho e perguntar a nós mesmos o que estamos fazendo com a nossa vida, somos capazes.
E então aos poucos vamos nos tornando infelizes, automáticos e frios. Distantes. Individualistas. Sombrios.
Até que um dia a ficha cai.
Foi o que aconteceu comigo. Me peguei num susto. Numa situação que nunca imaginei e que permitiu que eu me olhasse de verdade. Me amasse. E, tivesse um carinho imenso quando me deparei parada e olhando bem no fundo dos meus próprios olhos. Eu estava viva.
Foi essa pausa, esse susto que eu tive, que me pegou de surpresa, esse minuto que passou a vida inteira diante dos meus olhos, foi o suficiente para eu me perguntar: O que estou fazendo da minha vida?
Foi nesse instante que eu descobri que ainda existem pessoas maravilhosas nesse mundo. Que estão prontas pra ajudar. Não estão apenas nos momentos bons. Mas nos ruins também. Foi quando eu agradeci por ter meus pais do meu lado. Meus amigos. Pessoas que me amam... Foi nesse instante que revivi os tempos em que eu sempre parava para poder olhar o céu. A lua, as estrelas. Admirar a chuva e agradecer pela pureza que ela nos traz.
Às vezes precisamos de um “chaqualhão” da vida, pra acordarmos e percebermos que temos um imenso valor e que muitas pessoas também o tem. E tudo o que precisamos é valorizá-los. Olhar bem no fundo dos olhos e amá-los. E que não há dinheiro nesse mundo que pague um momento de carinho, de afeto, de companheirismo.
Hoje tudo o que eu quero é ser feliz. Ser feliz do meu jeito. Na minha simplicidade. Sem me preocupar com as vaidades do tempo. Com as coisas supérfluas desse mundo. Com as futilidades, orgulho.
Hoje quero acordar de manhã e agradecer a Deus por Ele me amar e cuidar de mim. Agradecer por mais um dia de vida. Pelas pessoas que eu amo. Pelos momentos bons e os ruins também.
Hoje eu quero chegar a noite e agradecer ao mesmo Deus pela vida. (Sem Ele eu não seria nada). Por mais um dia que se passou. Pelas conquistas. Pelos sorrisos. Pelas coisas boas que me marcou.
Parece idiota. Parece coisa boba. Mas só quem realmente se pega nesse susto particular é que sabe realmente o que é aprender a viver de uma forma leve, alva, alegre.
Hoje as lágrimas correm pelo meu rosto, mas pela felicidade de eu ter mais uma chance de ser feliz. De lutar. De conquistar tudo o que eu sempre quis. Mas, de uma forma diferente. Voltando ao que eu era bem antes. Olhando Deus primeiramente e dando valor às coisas mais simples.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A noite...

Acontece assim... O dia vai passando a escuridão chegando, seu corpo vai cansando e pronto. Depois de uma jornada inacreditavelmente cumprida, você está lá. Enrolada no edredom (caso esteja frio, como agora) abraçada no travesseiro enquanto em sua mente passa como um flash back, os momentos que mais marcaram o seu dia. E vêm as imagens, as palavras, as idéias, as alegrias, as tristezas, preocupações, vontades... Quando você menos espera seus olhos vão ficando pesados, vagarosamente se fechando e a escuridão cerra de vez mais um dia que se passou. E então os momentos relembrados começam a se misturar de uma forma inexplicável com os delírios do sono. E pronto. Você já está dormindo. E aí começa.
O que seriam eles? Como descrevê-los, afinal?
Seriam os sonhos a continuidade da realidade em nossos pensamentos, ou apenas vontades reprimidas em nosso subconsciente?
Sei lá. Não estudei psicologia e, no entanto, não posso responder essas perguntas. O fato é que meus sonhos andam se confundindo com os pensamentos que tenho durante o dia. Como se eu quisesse resgatar aquilo que me aconteceu de mais importante e guardar num lugar secreto só pra mim... Então quando me pego de vez no escuro, no silêncio, no nada, meus olhos buscam lá no fundo tantas coisas... Todas as coisas, que, se tivessem como serem registradas de forma estática, seriam fotografias abstratas emolduradas na parede da minha memória. Todos os sorrisos, todas as lágrimas, todos os suspiros, vontades...
As sensações que senti durante todo o dia se misturam com o intocável, com o esperado, com o sonhado momento, tornando assim, tudo ainda mais colorido, de forma que dormir para mim se torna um delírio. Não que isso seja ruim. Mas são através dos sonhos que tiramos nossos pés do chão e voamos alto. Às vezes curtimos esse vôo e pousamos com total tranqüilidade. Outras vezes, passamos por apuros, frios na barriga, até sermos interrompidos com um susto daqueles.
Durante esse impasse de não saber como, de fato, descrever o que seriam pra mim os sonhos... Apenas gostaria de congelá-los. Isso. Se eu tivesse esse poder, pediria que eles fossem descritos como os anjos. Não sei como eles são. Nunca os vi. Mas sei a forma como são retratados e a representação de paz e tranqüilidade que essa figura nos traz. Seriam meus sonhos então, a minha paz, o meu momento de sossego e calmaria depois de um dia agitado.
As aflições que tenho passado (motivo que não me cabe relatar aqui) são as responsáveis por todos os meus delírios, de forma que aos poucos vêm me inundando e não permitindo que o peso sobre as minhas pálpebras cessem em paz a minha noite.
Talvez seja esse o motivo pelo qual tenho dificuldade em dormir e me entregar aos braços de Morfeu, ao mundo que sonho e não passa de uma simples tela pintada com as cores e formas que escolhi, apenas a ser apreciada pelo suplício de uma noite curta.
Ou talvez, seja uma simples tentativa de encontrar, nos últimos minutos que me restam ainda acordada, um motivo para poder dormir sorrindo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Entrevidas

A força pra sonhar
ainda que seja com meus olhos abertos
nasce com um simples sorriso teu
sem palavra alguma
é apenas o silêncio que necessito
já é o bastante pro coração pulsar no peito
pra parar e sonhar um pouco mais
E então o tempo volta
volta pra poder parar
para que em teus olhos eu possa ver
que o sentimentos crescem cada vez mais
E as noites, e a vida ainda continuam vivas
E saber que a sua se confunde com a minha.
Anda tudo muito corrido ultimamente. Tudo tem data, prazo... Me pego presa a um limitadíssimo espaço de tempo. Tempo esse que não me deixa nem ao menos pensar.
É incrível como aos poucos vamos nos envolvendo com essa correria, e quando vamos ver, já foi, não tem mais jeito de sair. É trânsito, é falatório, é pressão, é casa, rua, trabalho, faculdade... Às vezes eu gosto, outras não. Se alguém parar pra me perguntar sobre isso, eu responderia que gostaria de parar. Parar mesmo sabe? Levantar vôo e ir pra um lugar bem longe, no devagar, no escondido, sem internet, sem telefone, sem luzes, sem nada, e apenas escutar o silêncio. Daqueles: Ei, tem alguém aí? E nada responde. Sem pensar no que poderia ter sido, no que poderá ser. Nas palavras que não foram ditas, outras que gostaria de dizer. Ficar lá presa ou solta, mas, quietinha, sem saber o que acontece lá fora. Apenas pra poder me recompor. Voltar aos meus pensamentos mais tranqüilos como os que eu tinha quando era criança. Sem preocupação. Sem medo. Sem anseio. Nesse lugar onde os nomes não são tão difíceis – JPEG, TIFF, PDF, HTML, PPT, DOC... Onde as cores são mais simples e não – CMYK, RGB. Onde eu conseguiria observar o céu azul, andar descalço e respirar. E as noites? Ah! Essas sim, seriam mais compridas, mais profundas, mais sentidas... Que pra mim são as melhores, como as noites de verão. Como a obra: Sonho de uma noite de verão. Pra mim a vida tinha que ter assim... Meio mágica, meio romântica, meio divertida, comprida como as noites de verão.
Mas preciso voltar a realidade, já é tarde, meu telefone está tocando e eu preciso correr pra buscar a minha mãe.

Te encontrar ali

Estive olhando através da janela enquanto a chuva caía
Os carros passavam rápido e os faróis ofuscavam a minha visão
E na minha mente só vinha você
E então eu me lembrava do seu sorriso
Do seu jeito de falar
Do seu jeito de me olhar
Eu tentei disfarçar
Mas assim como a chuva caía e lavava o chão
As minhas lágrimas não se continham
e molhavam o meu rosto
Eu fechava bem forte os meus olhos
E mesmo assim tudo o que eu via era você
E tudo o que eu via era você
Eu queria virar pra trás e te encontrar ali
Nem que fosse por um minuto
Você estivesse me olhando
E me abraçasse bem forte
E fechasse seus olhos como eu fechei os meus
E que pudéssemos nos encontrar
De uma forma mágica
Não dizendo uma só palavra
Mas sentindo cada batida do coração
Que uma música soasse aos nossos ouvidos
como uma orquestra que começa devagar
e aos poucos vai se itensificando
Eu fechava bem forte os meus olhos
E mesmo assim tudo o que eu via era você
E tudo o que eu via era você
Eu queria virar pra trás e te encontrar ali
Nem que fosse por um minuto
Você estivesse me olhando
E me abraçasse bem forte
Tudo o que eu queria era te encontrar ali...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Por quê?

E se a mente procura a noite um por quê
o coração se desmancha e as lágrimas rolam sem querer
Mesmo tudo pedindo um pouco mais de calma
a paz vindo aos poucos repousar sobre a janela
ainda assim é difícil encontrar um remédio que cure uma alma
se tudo foi sonhado da maneira mais singela
E se as mãos tentam pelo menos algo apalpar
a tua ausência não engana, ela está ao lado tomando aquele lugar
Mesmo tudo pedindo um pouco mais de paciência
e o consolo relutando entre letras de músicas
ainda assim a alma encontra certa resistência
Sentimentos que sufocam, apertam, machucam
E se mesmo o olhar estando fechado conseguir ver
o peito na mesma hora é rasgado por não entender
Mesmo tudo querendo dizer que tudo ficará bem
ainda assim a mente continua procurando um - Por quê?